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8/1: em áudio para Ibaneis, secretário disse que situação era pacífica

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Uma hora antes dos atos antidemocráticos no fatídico dia 8 de janeiro de 2023, o então responsável pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal enviou um áudio de 1 minuto e 5 segundos ao governador Ibaneis Rocha (MDB) no qual disse que a manifestação era “totalmente pacífica”.

O delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira (foto em destaque) era, naquele dia, secretário executivo no exercício do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. O titular da pasta, também delegado da PF Anderson Torres, estava nos Estados Unidos.

Em áudio gravado às 13h23 e publicado pela coluna na noite do próprio dia 8 de janeiro, Fernando usou 10 adjetivos para comunicar a Ibaneis que não haveria riscos de a manifestação sair do controle. A invasão começou por volta das 14h40. Ouça:

Na ocasião, como é possível depreender do áudio, o secretário falou que estava “tudo tranquilo” no momento em que manifestantes desciam do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército rumo à Esplanada.

“Os manifestantes estão descendo lá do SMU, controlados, escoltados pela polícia. Tivemos negociação para descerem de forma pacífica, organizada, acompanhada”, declarou. Fernando afirmou que estava um clima “bem tranquilo, bem ameno, uma movimentação bem suave e manifestação bem pacífica”.

Fernando ainda diz: “Nossa inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade, ligado a esse tipo de comportamento”.

O secretário em exercício complementa que já havia, na cidade, 150 ônibus, e no áudio falou novamente sobre manifestação “ordeira e pacífica”.

Em resposta, Ibaneis disse: “Maravilha. Coloca tudo na rua”, em referência ao efetivo policial.

Indiciamento

Fernando foi alvo da mandado de busca e apreensão, cumprido pela Polícia Federal no dia 20 de janeiro de 2023. Tanto a CPMI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional, quanto a CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), indiciaram o delegado.

Segundo o relatório da CPI da CLDF, as informações prestadas pelo então secretário executivo de Segurança Pública do DF ao governador eram “desvinculadas da realidade”. “Essas informações não refletiam de forma alguma a verdadeira periculosidade das manifestações”, enfatiza trecho do documento.

“Mais grave ainda é o fato de Fernando registrar a ausência de qualquer ‘informe’ relacionado à agressividade ou comportamento nesse sentido por parte dos participantes do movimento, evidenciando uma desconexão alarmante com a gravidade de todas as informações de inteligência que teve ao seu dispor”, diz outro trecho do relatório.

“Passividade” da PM

Durante o depoimento prestado à CPI na CLDF, no dia 2 de março, Fernando disse que o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, afirmou que deixaria assinado o protocolo para ação das corporações durante as manifestações e “não deixou nenhuma orientação específica”.

O delegado afirmou que se sentiu “impotente” e que houve “passividade” por parte de policiais militares diante do ataque dos golpistas.

Na ocasião, Fernando explicou o motivo de ter enviado ao governador o áudio tranquilizando sobre a manifestação que uma hora depois desencadeou no ataque aos Três Poderes. Segundo o delegado, a maioria dos informes que recebia “era de um ambiente tranquilo, calmo”.

“Recebi informes que posso ler aqui, sem falar o nome do policial. ‘Situação tranquila e sem alteração’. Isso me foi repassado por policiais in-loco, com imagens. Todos os termos que eu transmiti eram idênticos às mensagens me passada no grupo. Não fiz juízo de valor, tirei dos grupos de inteligência”, defendeu-se.

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