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Bolsonaro ameaçou me demitir do Banco Mundial, diz Weintraub

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Ex-ministro da Educação afirma que o presidente o ameaçou com demissão caso se candidatasse ao governo de São Paulo

O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou neste domingo (24.abr.2022) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou demiti-lo do Banco Mundial –onde ocupava o cargo de diretor-executivo–, caso se candidatasse ao governo de São Paulo. Declaração foi dada durante a live “Reação Conservadora”, junto com o irmão Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência.

Segundo os irmãos, Abraham teria recebido a seguinte mensagem do presidente: “Você vai ser demitido, essa história aí de governador, você vai ser demitido”. Bolsonaro supostamente teria enviado a mensagem na véspera do Natal.

Arthur afirma ainda que, em dezembro de 2021, recebeu uma ligação do chefe do Executivo. Segundo o ex-assessor, Bolsonaro pediu para que os irmãos não voltassem mais ao Brasil.

“Se vocês voltarem para o Brasil, o seu irmão pode ser preso e ficar preso igual Nelson Mandela”, teria dito o presidente, de acordo com Arthur. O ex-assessor acrescentou que funcionários do Planalto teriam dito que “quem interagir com os irmãos Weintraub, vai perder o emprego”.

Arthur também atribuiu a sua demissão da OEA (Organização dos Estados Americanos) a uma suposta pressão por parte do governo federal.

Abraham afirmou ter ficado “magoado” com o presidente, mas que ainda irá votar nele para as eleições presidenciais de 2022, mesmo ele não representando mais os interesses da direita. “Vou votar no presidente Bolsonaro, a alternativa é péssima”, disse.

De acordo com o ex-ministro, o presidente foi “chantageado” em seu governo, mas que isso não o tornava isento de culpa e que ele foi se “deslumbrando” com o poder. Abraham afirmou que Bolsonaro está “100% vulnerável” ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).

Poder360 tentou contato com a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) para pedir um posicionamento da Presidência acerca das declarações dos irmãos Weintraub, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

WEINTRAUB X BOLSONARO

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) xingou na 6ª feira (22.abr.2022) os irmãos Weintraub depois de críticas ao decreto do presidente que anula a pena de Daniel Silveira (PTB-RJ). “São uns filhos de uma puta!”, escreveu o filho 03 do chefe do Executivo em seu perfil no Twitter.

Arthur Weintraub havia dito que o perdão a Daniel Silveira criava “precedentes péssimos”.

“Depois você vai querer comparar o que aconteceu com o Daniel com um cara lá na frente que estiver condenado por corrupção, lavagem de dinheiro, falar ‘não, isso aqui também, já tem o precedente’. É impressionante, nunca pensei que ia ver uma coisa dessas.”, disse Arthur.

Depois de ser xingado pelo filho do presidente, o ex-ministro Abraham Weintraub respondeu ao congressista em seu Twitter no sábado (23.abr).

“Aguardo o @BolsonaroSP me procurar, após ofender minha falecida mãe […]. Quer conversar em particular? Debater em público? Cedo ou tarde irei te encontrar (e isso não é ameaça de violência física) e você não vai gostar“, disse.

O ex-ministro já havia criticado o governo Bolsonaro em alguns momentos, por sua aliança com partidos de centro. Ele e os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; disseram ter sido “substituídos por essa turma do Centrão”.

Em junho de 2020, Weintraub foi o 2º ministro a deixar a pasta durante o governo Bolsonaro. Estava no centro de atritos entre o Poder Executivo com o Legislativo e o Judiciário. O então chefe da Educação afirmou em reunião interministerial gravada em 22 de abril que, por ele, “colocava esses vagabundos na cadeia, a começar pelo STF” (Supremo Tribunal Federal).

Depois de sua saída do ministério, Abraham teve seu nome confirmado no Banco Mundial, mas renunciou ao cargo em 2022.

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