Ao lado de Geraldo Alckmin, o ex-presidente participou de um grande ato político na capital gaúcha, mas não anunciou candidato ao governo
Em discurso no Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira (1/6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelou para que os membros do PT e das legendas que integram sua coligação entrem em acordo para oferecer um candidato único ao governo gaúcho e construam uma chapa forte para derrotar o bolsonarismo.
Lula lamentou chegar ao estado sem ter um candidato ao governo para anunciar, além da ausência de nomes de sua aliança no ato político.
A ausência sentida pelo ex-presidente é a de Beto Albuquerque (PSB), que não compareceu ao evento e insiste em lançar o seu nome, competindo com o deputado Edegar Pretto, nome defendido pelo PT local.
Albuquerque, inclusive, tem ensaiado abrir seu palanque ao PDT de Ciro Gomes, caso a composição com o PT não ocorra.
“Sentem à mesa, tomem até um aperitivo, se quiser. Mas tentem encontrar uma solução, para que a gente não possa vir ao Rio Grande do Sul fazer um comício e não estar do nosso lado aqui o candidato ou a candidata a governador, ao Senado e o candidato a vice. Fica uma coisa meio trouxa”, ordenou o petista.
“Eu sei que vocês não falaram nada, mas estão pensando: “Porque não tem um governador já anunciado? Porque não se faz um acordo?’”, questionou.
“Então eu queria fazer um apelo, de irmão, de um companheiro. Não custa nada sentarem mais uma vez à mesa, tentarem conversar um pouco mais e dar de presente a esse povo a unidade dos setores que querem derrotar o Bolsonaro e querem derrotar o atual governo do Rio Grande do Sul. É o mínimo que o povo espera de nós”, disse Lula, ao discursar em Porto Alegre, ao lado de políticos gaúchos, da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-governador Geraldo Alckmin, vice na sua chapa.
As divergências entre o PT e o PSB nas alianças estaduais levaram a cúpula da campanha a se reunir e estabelecer a data de 15 de junho para pacificar os palanques. As disputas estão colocadas também em São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Para evitar desgastes locais, as duas legendas decidiram avaliar o mapa das chapas no país de forma global e tratado pela cúpula nacional não no âmbito local.
O PT, no entanto, não abre mão de ter o cabeça de chapa em São Paulo, com o ex-prefeito Fernando Haddad, hoje favorito nas pesquisas. Alguns petistas ouvidos pelo Metrópoles não descartaram a possibilidade de a legenda focar apenas em São Paulo e sacrificar seus candidatos nos demais estados.
Impasses
Devido aos impasses na aliança, uma parte da viagem, em que Lula e Alckmin visitariam também Santa Catarina, foi abortada.
Pesou para o cancelamento, segundo fontes da campanha petista, não só questões logísticas, mas também a disputa sobre quem será o candidato ao governo catarinense: O PT quer Décio Lima; o PSB, Dario Berger.
Outro estado a se resolver é o Espírito Santo, onde o PSB luta pela reeleição do atual governador, Renato Casagande, e o PT lançou o nome do senador Fabiano Contarato na disputa pelo Palácio Anchieta.
Além das disputas por governos estaduais, há ainda impasse entre o PSB e o PT envolvendo as candidaturas ao Senado de André Ceciliano (PT) e Alessandro Molon (PSB) no Rio de Janeiro, onde o candidato apoiado por Lula ao governo é Marcelo Freixo (PSB).
Pernambuco é o único estado onde PT e PSB conseguiram entrar em acordo, isso antes da desistência da federação por parte das duas legendas. No caso perbambucano, o senador Humberto Costa (PT) abriu mão de se candidatar ao governo e o PSB lançou o nome do deputado Danilo Cabral ao governo do estado. O PT ficou com a vaga de vice, com Teresa Leitão.