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Taxa de zika do RN é a maior do País e a de dengue é a maior do Nordeste

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O atual momento de aumento de casos de arboviroses em todo o Brasil colocou o Rio Grande do Norte com a maior taxa de prováveis casos de dengue por 100 mil habitantes do Nordeste e a maior taxa de casos de zika no Brasil. 

Os dados constam no Boletim Epidemiológico 22, divulgado pelo Ministério da Saúde, no período que corresponde às datas de 02/01/2022 a 04/06/2022. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) tem intensificado a capacitação e orientação junto aos municípios, além de atuar com carros fumacês para cidades em transmissão estado mais avançado.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, no período analisado, o Estado registrou 21.819 casos, uma taxa de 612,7/100 mil habitantes. Nos números absolutos no Nordeste, o RN ficou atrás apenas de Bahia e Ceará. Quando se observa a taxa, o Estado fica na primeira posição. Piauí (393,6), Alagoas (310,8) e Ceará (300,1) aparecem na sequência. Já com relação ao Zika vírus, a taxa do RN foi a maior do Brasil, com 47,7 casos para 100 mil habitantes. O total de casos foi de 1.698.  

De acordo com Sílvia Dinara do Nascimento Alves, coordenadora do programa estadual de arboviroses da Sesap, o aumento de casos no Estado pode ser explicado por vários fatores, entre eles a busca na procura dos usuários nas unidades de saúde, antes confinados em razão da pandemia de covid 19. Aliado a isso, ela explica que, com a circulação de vários tipos de mosquitos e variantes do vírus, a probabilidade de aumento na transmissão cresce. 

“A gente sabe que as epidemias de arboviroses acontecem em períodos de três em três anos, porque sabemos que não existe vacina e muitos não têm imunidade. A dengue tem quatro sorotipos circulantes, que ficam mudando. Tem período que a circulação maior é de um, de outro, então as pessoas que estão imunes àquele sorotipo, elas estão prováveis de estarem adoecendo por outro sorotipo. Hoje temos a circulação do 1, 2 e 3. Então a probabilidade das pessoas estarem adoecendo por terem mais vírus circulando é muito maior, e pela presença do mosquito em todos os municípios. Esse aumento também se dá em virtude da pandemia, porque as pessoas não procuravam os serviços com medo da covid. Eram casos não notificados. Esse nível de epidemia é nacional”, comenta Dinara Alves.

Com relação a chikungunya, o boletim do Ministério da Saúde aponta que o Rio Grande do Norte teve uma taxa de 195,7 de casos/100 mil hab. no período analisado, num total de 6.970 casos. O índice é o quarto maior do Brasil, atrás apenas de Ceará (335,2), Paraíba (263,9) e Tocantins (206,0). 

“Existem medidas a longo prazo e medidas de resultado mais imediato. No caso dos municípios nós temos as visitas dos agentes de endemias, o envolvimento da população. O município precisa estar realizando mutirões, conscientizando a população a fazer sua parte também, e o Estado entra com os carros fumacês e as orientações que damos aos municípios para planejar essas ações. Hoje nós estamos em Pau dos Ferros, com oficinas de integração com os agentes de saúde e de endemias. Essa integração é importante porque eles trabalham com a população para um estar colaborando com o outro. Nesse momento de arboviroses, o agente comunitário pode orientar quanto aos criadouros, evitando a proliferação, verificando se tem alguém doente e encaminhando para o sistema de saúde. Lembro também que nesse período de pandemia as visitas dos agentes não eram feitas com entrada nos domicílios para checar os criadores. A pandemia atrapalhou essa atividade”, acrescenta.  

O Rio Grande do Norte está em situação de epidemia de dengue. O decreto que oficializou a situação em níveis governamentais foi publicado na edição do Diário Oficial do Estado (DOE) no último dia 20 de maio. A situação se dá pela recente subida exponencial de casos, constatada pelos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). Mesma situação foi decretada pelo município de Natal, no dia 17 de maio. 

Brasil

Até a SE 22 de 2022 ocorreram 1.104.742 casos prováveis de dengue (taxa de incidência de 517,9 casos por 100 mil hab.) no Brasil. Em comparação com o ano de 2019, houve redução de 8,4% de casos registrados para o mesmo período analisado. Quando comparado com o ano de 2021, ocorreu um aumento de 197,9% casos até a respectiva semana. Para o ano de 2022, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 1.544,2 casos/100 mil hab., seguida das Regiões Sul (941,7 casos/100 mil hab.), Sudeste (419,2 casos/100 mil hab.), Nordeste (250,5 casos/100 mil hab.) e Norte (212,8 casos/100 mil hab.). 

Até o momento, foram confirmados 504 óbitos por dengue, sendo 439 por critério laboratorial e 65 por critério clínico epidemiológico. Os estados que apresentaram o maior número de óbitos foram: São Paulo (180), Santa Catarina (60), Rio Grande do Sul (49), Goiás (44) e Paraná (43). Permanecem em investigação outros 364 óbitos

Chikungunya e Zika 

No boletim do MS, a chikungunya registrou 108.730 casos prováveis de chikungunya (taxa de incidência de 51 casos por 100 mil hab.) no Brasil até a SE 22 de 2022 ocorreram. Em comparação com o ano de 2019, houve aumento de 35,2% de casos registrados para o mesmo período analisado. Quando comparado com o ano de 2021, ocorreu um aumento de 95,7% casos até a respectiva semana.

Com relação aos dados de zika, ocorreram 5.699 casos prováveis até a SE 21 de 2022, correspondendo a uma taxa de incidência de 2,7 caso por 100 mil hab. no País Em relação a 2019, os dados representam um aumento de 14,4% no número de casos do País. Quando comparado com o ano de 2021, observa-se um aumento de 118,9% no número de casos. Não foram notificados óbitos por zika no País até a respectiva semana do ano de 2022.

Carros fumacês já atuaram em 31 municípios

Desde o início do ano, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap) já atuou em 31 municípios com o uso do carro fumacê, uma medida considerada mais drástica para o enfrentamento das arboviroses. No dia 26 de janeiro, uma portaria assinada pelo secretário de saúde do RN, Cipriano Maia, estabeleceu uma série de critérios para utilização do inseticida nas ruas dos municípios.

Entre os critérios, estão o aumento dos casos humanos notificados nas duas últimas semanas epidemiológicas; incidência média (100 a 299 casos por 100.000 hab) ou alta (300 casos por 100.000 hab); Confirmação da transmissão das arboviroses através dos exames de detecção viral/isolamento viral ou sorologia reagente realizado pelos Laboratórios de Saúde Pública; Índice de Infestação Predial -IPP > 1% (situação de alerta ou risco para epidemias causadas pelo Aedes); Não ter recebido tratamento em UBV Pesado nos últimos seis meses e Distribuição dos casos na cidade de forma que o controle com o equipamento portátil não seja viável.

Segundo Sílvia Dinara do Nascimento Alves, gestora do programa estadual de combate às arboviroses, vários municípios têm solicitado a utilização do carro fumacê. Nesta semana, dez municípios estão sendo contemplados com os oito carros que a Sesap dispõe. A capital Natal está recebendo dois carros em suas ruas.

“O carro fumacê é utilizado como última medida, não é uma medida de prevenção. É algo para dar um corte na diminuição da transmissão. Usamos o inseticida indicado e fornecido pelo Ministério da Saúde”, apontou.

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