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Em um ano, 115 mil potiguares entram na faixa da extrema pobreza

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Em um ano, entre abril de 2021 e abril de 2022, 115,9 mil pessoas, distribuídas em 80 mil famílias, ingressaram na faixa da extrema pobreza no Rio Grande do Norte, segundo aponta um levantamento do Cadastro Único, compilado pela Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas).

O número representa um crescimento de 21,6% da miséria nas famílias do RN. Para ter uma ideia da dimensão do indicador, se o grupo de novos pobres extremos formasse um município, ele seria o 4º mais populoso do Estado, atrás apenas de Natal, Mossoró e Parnamirim.

O Rio Grande do Norte tem 1,15 milhão de pessoas vivendo na extrema pobreza, com uma renda per capita de até R$ 105 por mês. Outros 154 mil potiguares estão em situação de pobreza, quando a renda mensal per capita fica entre R$ 105,01 e R$ 210. Ao todo, somando os grupos das duas faixas de renda – que são definidas pelo Ministério da Cidadania – o Estado tem 1,30 milhão de pessoas em alguma situação crítica de vulnerabilidade social, o que representa cerca de 1/3 da população. Os dados populacionais são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desemprego tem impacto na pobreza

O aumento da vulnerabilidade social é reflexo do ritmo lento de retomada econômica após o período mais crítico da pandemia, afirma Cassiano Trovão, professor do Departamento de Economia da UFRN. A pesquisa mais recente do IBGE, referente ao primeiro trimestre deste ano, mostra que 222 mil potiguares estão desempregados, o que corresponde a uma taxa de desocupação de 14,1%, acima da média nacional para o período (11,1%).

O número aponta para uma alta na desocupação entre os potiguares. Até então, o Estado vinha de três trimestres seguidos de queda no desemprego. No segundo trimestre de 2021 era 16,3%, passou para 14,7% e fechou o ano com 12,7%. Trovão afirma que a recuperação do mercado de trabalho ainda não se confirmou, do ponto de vista da geração de novos postos de emprego.

Renda de pobres cai 30% e cresce 3% entre ricos

A desigualdade de renda no Rio Grande do Norte em 2021 foi a maior desde 2012. O índice que mede a desigualdade de rendimento domiciliar por pessoa (Gini) foi de 0,587 no Estado, o segundo maior do Brasil e o maior da região Nordeste. Além disso, entre os potiguares no grupo dos 5% de menor renda houve uma queda de 30% no rendimento médio mensal real por pessoa em 2021. Essa parcela da população tinha uma renda média mensal de R$ 79 em 2020.

Em 2021, o valor caiu para R$ 55. No outro extremo das classes de renda, a população que faz parte do 1% de maior renda do Estado teve um crescimento de 3% no rendimento médio mensal real por pessoa em 2021. Em 2020, a média de renda dessa população era de R$ 11.576 e subiu para R$ 11.934. Esse grupo ganhou, no ano de 2021, 210,4 vezes mais que o grupo mais pobre da população.

Esses números foram divulgados em relatório da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua divulgada em junho deste ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em módulo denominado “Rendimentos de todas as fontes” 2021. Em relação ao índice Gini houve um aumento de 0,075, o maior do país, ante 2020, quando atingiu 0,512. Além disso, o Gini potiguar foi superior ao índice nacional (0,544).

O Rio Grande do Norte também tem a terceira maior desigualdade de renda do Brasil entre as pessoas com idade de trabalhar em 2021. O índice de Gini do rendimento médio mensal real, das pessoas de 14 anos ou mais (com origem em todos os trabalhos), do RN também alcançou a maior marca da série histórica iniciada em 2012: 0,542. Só Distrito Federal (0,551) e Paraíba (0,558) têm desigualdade mais acentuada.

Números

Potiguares na extrema pobreza (renda menor que R$ 105/mês):

04/2021 – 369.248 famílias ou 1.036.338 pessoas;

04/2022 – 449.291 famílias ou 1.152.270 pessoas;

Diferença de 80.043 famílias ou 115.932 pessoas (+21,6%).

Inscritos no Cadastro Único

04/2021 – 661.901 famílias ou 1.746.944 pessoas;

04/2022 – 769.857 famílias ou 1.897.781 pessoas;

Diferença de 107.956 famílias ou 150.837 pessoas (+21,6%).

Fonte: Cadastro Único/ Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas).

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