Estatal também vê alta demanda pelo derivado no mundo e avisa que seguirá mercado internacional
Nesta sexta-feira (29), a Petrobras informou que o preço do diesel deve se manter estável no segundo semestre, podendo inclusive aumentar a depender do mercado internacional dos derivados de petróleo.
A previsão é do diretor de Comercialização e Logística da empresa, Cláudio Mastella, que participou nesta manhã de uma conferência com representantes de bancos de investimentos. O encontro virtual serviu para que a Petrobras detalhasse o seu balanço referente ao segundo trimestre, divulgado na quinta-feira (28)
A estatal lucrou R$ 54,3 bilhões entre abril e junho deste ano. Levando em conta esse resultado, a companhia já lucrou R$ 98,8 bilhões só no primeiro semestre de 2022.
Isso é 124% a mais do que lucro obtido no primeiro semestre do ano passado. E ainda só 7% a menos do que o lucro anual da empresa contabilizado em todo ano de 2021 – R$ 106,6 bilhões, recorde da companhia.
O crescimento do lucro da estatal está relacionado principalmente ao aumento dos combustíveis vendidos por ela no Brasil. Por conta de sua política de preços, a Petrobras produz gasolina, diesel e gás com custos em reais e os vende aqui a preços vinculados ao mercado externo. Com isso, quanto mais o preço dos derivados sobe mundo afora, mais a empresa ganha no Brasil, e mais a população sofre para abastecer seus veículos.
Preços lá em cima
Mastella disse que os preços dos combustíveis produzidos e vendidos pela Petrobras, que abastecem cerca de 75% do mercado nacional, devem manter o patamar atual até o final do ano – ou seja, continuarão caros.
O diretor da Petrobras não falou das iniciativas do governo para reduzir os valores em postos até porque elas não afetam a estatal. A empresa, aliás, ressaltou que seguirá vendendo seus produtos com preços semelhantes àqueles cobrados por importadores.
É por isso que Mastella acredita que o diesel, em especial, pode subir. De acordo com ele, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, a cadeia de abastecimento do produto foi afetada, a demanda superou a oferta e pressionou valores. Segundo o diretor da Petrobras, não há sinais de que esse problema esteja totalmente superado. A estatal, portanto, pode aumentar o combustível produzido aqui para beneficiar-se dessa situação.
“A gente vê um cenário de manutenção de preços elevados, em especial no caso do diesel”, afirmou. “A expectativa, na verdade, é de que o diesel fique nesse nível ou até mais forte a menos que se confirme uma forte recessão global, que até agora não se configurou.”
Refino comprometido
Mastella e outros executivos da Petrobras afirmaram que outras variáveis podem pressionar os preços do diesel até o final do ano.
O primeiro é a temporada de furacões no Estados Unidos e Caribe, que começou em junho e vai até novembro. Isso tende a paralisar o trabalho de algumas refinarias de combustíveis na região, reduzindo a produção e gerando aumentos do combustível.
Quando a temporada terminar, começará o inverno no hemisfério norte. Nesta estação, o consumo de diesel cresce na Europa e EUA pois o consumo de veículos aumenta e o combustível é também usado para aquecimento.
Por fim, no Brasil, a produção de óleo diesel deve cair no segundo semestre. Isso porque a Petrobras fará paradas de manutenção em quatro refinarias. Com isso, a utilização da capacidade de refino deve baixar dos 94% registrados no primeiro semestre para 86% no segundo. Ou seja, menos combustível será produzido, justamente no período do ano em que o país mais precisará dele, já que estará escoando sua safra em caminhões movidos a diesel.