Família real britânica confirmou a morte da monarca de 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia
“A rainha morreu. Viva o rei!” Foi olhando para frente que a premiê do Reino Unido, Liz Truss, terminou seu discurso nesta quinta-feira 8 sobre a morte de Elizabeth II, uma tarefa histórica logo em seu segundo dia no cargo. A escolha das palavras reflete o desafio não só de seu governo, mas também do futuro monarca, o rei Charles III.
Milhões de britânicos foram dormir órfãos de Elizabeth. Milhares se aglomeram diante do Palácio de Buckingham para se despedir da rainha, que ocupou o trono por 70 anos, o reinado mais longo da história britânica. “A rainha morreu pacificamente em Balmoral”, dizia a curta nota da Casa Real, em referência ao castelo na Escócia, sua residência de verão.
Antes, no início da tarde desta quinta-feira, os assessores da rainha soltaram nota sobre a frágil estado de saúde da monarca. A família real imediatamente se deslocou até o Palácio de Balmoral, na Escócia, o que preocupou especialistas. Por ordens médicas, a soberana cancelou toda a agenda de compromissos nos últimos dias.
A notícia pegou os familiares e o mundo de surpresa, já que a última aparição oficial da majestade britânica foi na terça-feira 8, quando nomeou a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss.
O funeral será no próximo dia 18. A coroação de Charles ainda não tem data marcada, mas pode levar “alguns meses”, segundo fontes da Casa Real. A morte da rainha marca o fim de uma era em um país que enfrenta sua pior crise econômica em 40 anos. A inflação chegou aos dois dígitos e o custo de vida está nas alturas, ampliando temores de distúrbios sociais. Parte do problema está no reaquecimento da demanda pós-pandemia e da guerra na Ucrânia, mas é também um reflexo do Brexit.
A rainha também deixa um reino à beira da fragmentação. Enquanto os nacionalistas escoceses se preparam para um novo referendo de independência, a Irlanda do Norte, lentamente, escorrega na direção da reunificação com a Irlanda, caso o governo de Truss não consiga renegociar o acordo de saída da União Europeia.
Outro desafio do rei será manter unida a comunidade britânica. Sem o mesmo carisma da mãe, Charles é impopular em várias partes do mundo. O movimento republicano australiano, por exemplo, ganhou força nos últimos anos e sugeriu uma mudança do sistema de governo assim que houvesse a troca de guarda no Palácio de Buckingham.
Milhares de pessoas fazem vigília na porta do Palácio de Buckingham
Com a notícia do falecimento da soberana, milhares de pessoas se dirigiram para a frente do Palácio de Buckingham, sede da monarquia em Londres.
Os britânicos ignoraram a chuva, que caiu na capital inglesa, para prestar homenagens à monarca. Os presentes estenderam faixas e colocaram flores em frente aos portões do palácio, muitos estavam aos prantos. Houve comoção ainda na frente do Palácio de Windsor, em Berkshire; e no Palácio de Balmoral, na Escócia – local onde a rainha morreu.
Bolsonaro decreta luto de 3 dias e se pronuncia: “Uma rainha para todos”
O presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou a morte da rainha Elizabeth II e decretou luto oficial de três dias. Nas redes sociais, o chefe do Executivo federal disse que a monarca não foi uma rainha apenas para os britânicos, mas para todo o mundo.
“É com grande pesar e comoção que o Brasil recebe a notícia do falecimento de Sua Majestade a Rainha Elizabeth II, uma mulher extraordinária e singular, cujo exemplo de liderança, de humildade e de amor à pátria seguirá inspirando a nós e ao mundo inteiro até o fim dos tempos”, escreveu.
E agora? O que acontece?
A morte da rainha Elizabeth II dá início a um protocolo pronto há anos e revisado periodicamente, com regras minuciosas que devem ser seguidas à risca pela Coroa, pelo governo e até mesmo pela imprensa britânica.
Em breve, o cortejo da monarca deve seguir de trem de Aberdeen, cidade próxima a Balmoral, para Edimburgo, onde será posto no Palácio de Holyroodhouse, sua residência oficial na Escócia. Haverá uma recepção na Catedral de Saint Giles, com o corpo presente, com a participação de líderes britânicos, integrantes da sociedade civil e outras autoridades.
O cronograma exato ainda não está claro, mas, dois dias após a morte, o caixão será posto no trem real, que viajará em baixa velocidade pela costa britânica até Londres, sendo saudado por uma guarda de honra a cada estação. Quando chegar à capital, irá direto para a Sala do Trono.
Nesta quinta-feira, deputados e servidores públicos receberam um e-mail alertando da morte da rainha. Todas as autoridades do governo, contudo, foram proibidas de falar até que Truss se pronunciasse.
O site da família real foi alterado para uma página preta confirmando a morte, e os sites oficiais do governo foram adaptados.
Há 70 anos, quando o pai de Elizabeth II, George VI, morreu, o Palácio de Buckingham usou a expressão “Hyde Park Corner” (“Esquina do Hyde Park”) para evitar que os telefonistas soubessem do que se tratava ao informar o premier, na época Winston Churchill, e outros chefes de Estado da Comunidade Britânica. Desta vez, a expressão adotada foi “London Bridge is Down” (“Ponte de Londres caiu”).
O plano, a partir daí, lista as prioridades para as primeiras horas após a passagem da Coroa: na sexta, Charles terá uma audiência com Truss e fará um pronunciamento à nação e à Comunidade Britânica. Haverá uma cerimônia na Catedral de São Paulo, em Londres, com a participação da premier e de ministros. Pelo país, cidades deverão respeitar um minuto de silêncio e o Ministério de Defesa precisará organizar saudações de tiros.
O velório será realizado dez dias após a morte da monarca na Abadia de Westminster, em um dia de luto nacional. Haverá dois minutos de silêncio em todo o país. Em seguida, haverá um serviço na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor. A rainha será enterrada na mesma propriedade, na Capela Memorial Rei George IV.