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Defasagens da gasolina e do diesel no Brasil sobem com alta do petróleo

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Os preços médios da gasolina estão 9% abaixo do mercado internacional e o diesel 8% mais barato, o que daria margem para a Petrobras conceder aumentos de R$ 0,31 e R$ 0,43 por litro nas refinarias, respectivamente, para voltar à paridade.

A alta do petróleo fez subir a defasagem dos preços internos dos combustíveis no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), aumentando a pressão por reajustes da Petrobras para manter a paridade com os preços de importação (PPI), política adotada pela estatal desde 2016.

No mercado baiano, atendido pela Refinaria de Mataripe, unidade privada controlada pela Acelen, a defasagem do óleo diesel chega a atingir 10%, enquanto a gasolina com maior diferença de preços com o mercado externo foi observada no porto de Araucária, Paraná, de 12%. Segundo a Abicom, todos os mercados estão desfavoráveis para importação dos dois combustíveis.

Nesta quinta-feira, o petróleo fechou com ganhos, estendendo o movimento do dia anterior. Na quarta-feira (5), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou o corte de produção em 2 milhões de barris por dia, a partir de novembro. Esse é o maior corte desde abril de 2020, quando a pandemia de covid começou. O corte na oferta ainda influía, com analistas em geral prevendo que a commodity siga apoiada no curto prazo, embora os Estados Unidos ameacem adotar medidas para contrabalançar a ação do grupo de produtores.

O governo dos Estados Unidos voltou a criticar nesta quinta a decisão da Opep+, no momento em que o país trabalha para reduzir a inflação. Além disso, o preço mais alto do óleo é fator positivo para a Rússia, que continua a travar uma guerra na Ucrânia, resistindo a sanções. O presidente norte-americano, Joe Biden, declarou estar “desapontado” com a decisão da Opep+ e que seu governo avalia alternativas. 

No mercado, o contrato do petróleo WTI para novembro fechou em alta de 0,79% (US$ 0,69), em US$ 88,45 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent, usado como referência pela Petrobras, subiu 1,12% (US$ 1,05) para dezembro a US$ 94,42 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Apesar do momento ser favorável ao aumento de preços no mercado interno, a Petrobras está sendo pressionada pelo governo para manter os preços. Especialistas avaliam que o câmbio pode ajudar a estatal a manter os preços atuais, se não subir muito, mas se o barril ultrapassar os US$ 100 será muito difícil justificar a falta de repasse para o consumidor.

“Até o teto de US$ 95 o barril, a Petrobras não tem com o que se preocupar, pois a diferença é pequena em relação ao mercado internacional. Mas, se ultrapassar os US$ 100, será difícil justificar a manutenção dos preços”, afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie) Adriano Pires. 

A mudança de rota acontece em um momento sensível principalmente para o mercado de diesel, cuja projeção de déficit no mercado brasileiro aumentou de 33 milhões para 115 milhões de litros no mês de outubro, segundo cálculo do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP). A entidade avalia, no entanto, que o mercado será abastecido com os estoques feitos pelas distribuidoras e produtoras brasileiras, incluindo a Petrobras, que aumentaram seus estoques após o alerta para um possível racionamento no País.

Para Pires, a diferença agora para o que ocorreu no início do ano, quando os combustíveis tiveram de ser reajustados para cima, é que o dólar está menos valorizado em relação ao real, e somente uma alta mais expressiva da commodity pressionaria a empresa a realizar novos aumentos. “A notícia ruim é a redução da Opep. A notícia boa para o Brasil é que o resultado do primeiro turno (das eleições) reduziu o câmbio e uma coisa pode anular a outra”, explicou.

Número

2 milhões de barris por dia foi o corte anunciado pela Opep+ na produção internacional de petróleo, a partir de novembro deste ano.

IGP-DI de setembro recua 1,22%, afirma FGV

Rio (AE) – O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou queda de 1,22% em setembro, após uma redução de 0,55% em agosto, divulgou nesta quinta-feira (6), a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado do indicador apresentou um recuo mais intenso do que o intervalo das previsões do mercado financeiro, que estimavam uma queda entre 0,97% e 0,74%, com mediana negativa de 0,84%, de acordo com as instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Com o resultado, o IGP-DI acumulou uma elevação de 5,54% no ano. Em 12 meses, houve aumento de 7,94%.

A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem o IGP-DI. O IPA-DI, que representa o atacado, teve redução de 1,68% em setembro, ante uma queda de 0,63% em agosto. O IPC-DI, que apura a evolução de preços no varejo, subiu 0,02% em setembro, após recuo de 0,57% em agosto. Já o INCC-DI, que mensura o impacto de preços na construção, teve elevação de 0,09% em setembro, depois da alta também de 0,09% em agosto. O período de coleta de preços para o índice de setembro foi do dia 1º ao dia 30 do mês.

As reduções nos preços da gasolina (-8,68%), leite tipo longa vida (-13,35%) e etanol (-12,60%) puxaram o ranking de contribuições negativas para a inflação no varejo medida pelo IGP-DI de setembro, informou a FGV. No entanto, os aumentos nas passagens aéreas (23,75%), aluguel residencial (1,63%) e plano de saúde (1,15%) sustentaram a inflação ao consumidor em terreno positivo no mês.

Quatro das oito classes de despesa do IPC-DI registraram taxas de variação mais elevadas: Educação, Leitura e Recreação (de 0,46% em agosto para 4,36% em setembro), Transportes (de -3,56% para -2,63%), Habitação (de -0,09% para 0,40%) e Comunicação (de -1,03% para -0,52%). Houve influência dos itens: passagem aérea (de 2,07% para 23,75%), gasolina (de -11,62% para -8,68%), tarifa de eletricidade residencial (de -2,33% para -0,07%) e tarifa de telefone móvel (de -2,26% para 0,13%).

Na direção oposta, as taxas foram mais baixas nos grupos Alimentação (de 0,07% para -0,29%), Despesas Diversas (de 0,36% para 0,04%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,77% para 0,59%) e Vestuário (de 0,53% para 0,38%). Os destaques foram os itens: laticínios (de 2,64% para -4,86%), cigarros (de 2,45% para 0,28%), artigos de higiene e cuidado pessoal (de 1,65% para 0,49%) e roupas (de 0,69% para 0,24%).

O núcleo do IPC-DI passou de alta de 0,29% em agosto para 0,18% em setembro. Dos 85 itens componentes do IPC, 32 foram excluídos do cálculo do núcleo. O núcleo do índice é usado para mensurar tendências e calculado a partir da exclusão das principais quedas e das mais expressivas altas de preços no varejo. Ainda de acordo com a FGV, o núcleo acumulou uma elevação 5,25% no ano e aumento de 6,72% em 12 meses.

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