Lideranças ruralistas não ficaram nada satisfeitas com a ausência de alguns senadores bolsonaristas na votação do projeto de lei do Marco Temporal, na noite de quarta-feira (26/9), no plenário do Senado.
A proposta foi aprovada por 43 votos a 21, como uma resposta do Congresso Nacional ao STF, que, na semana passada, havia declarado o marco temporal como inconstitucional.
A ausência mais criticada por ruralistas foi a do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Filho 01 de Jair Bolsonaro, Flávio estava em um evento sobre turismo no Rio, no qual chegou a posar ao lado de integrantes do governo Lula.
Outro senador bolsonarista ausente na votação foi o Astronauta Marcos Pontes (PL-SP). Ex-ministro de Bolsonaro, o parlamentar está em viagem a Roma, onde se encontrará com papa Francisco.
Já o senador Romário (RJ), que também é do PL, estava presente na sessão, mas desagradou bolsonaristas por seu voto contra o marco temporal. Romário se juntou à bancada governista para derrubar o projeto.
“Não sei exatamente o motivo (da ausência), mas ontem a prioridade do Brasil era o Congresso dar essa reposta à inteferência de poderes. O próprio STF acabou com o texto da Constitucição Federal. A ausência de qualquer senador não é bom para o futuro político de nenhum deles”, afirmou à coluna o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia.
Ex-secretário do governo Bolsonaro, Nabhan afirmou ainda que a sobrevivência de qualquer político na política depende muito de seus atos e daquilo que ele mostra à sociedade”.
“Já foi o tempo do chamado eleitor ausente. Lamentável, mas isso só o futuro dará a sua resposta adequada”, disse o presidente da União Democrática Ruralista.
Entenda o Marco Temporal
O Marco Temporal estabelece que apenas as terras indígenas ocupadas até 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição, poderiam ser demarcadas daqui para frente.
O STF, entretanto, rejeitou a tese e determinou que a promulgação da Constituição não pode ser usada como base temporal para demarcação de terras indígenas no Brasil.
Diante da decisão do Supremo, o Senado votou um projeto de lei que retoma a interpretação original. Como a proposta já havia sido aprovada pela Câmara, ela seguiu para sanção ou veto do presidente Lula.