O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) passará a utilizar ferramentas de inteligência artificial contra fraudes nos pedidos de auxílio-doença enviados por meio do Atestmed.
O Atestmed é um sistema de pedido automático do benefício por incapacidade temporária, no qual o segurado envia o atestado médico pela internet, e pode conseguir o auxílio sem precisar passar pela perícia médica presencial. A análise é feita a distância.
O robô que está sendo desenvolvido pela Dataprev (empresa de tecnologia do governo federal) vai fazer a varredura de todos os atestados enviados pelo Meu INSS por meio do Atestmed. Hoje, essa análise é feita por amostragem e tem conseguido detectar fraudes.
Com a nova ferramenta, o instituto acredita que irá barrar tentativas de golpe financeiro contra a Previdência Social.
A análise feita pela inteligência artificial vai cruzar dados como nome e assinatura do médico no atestado, número do CRM (Conselho Regional de Medicina) ou de outro conselho de medicina, além de identificar o IP (internet protocol), endereço exclusivo de onde é enviado um arquivo.
Segundo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, as ferramentas a serem utilizadas já são conhecidas pela Dataprev e não são diferentes do que já se usa no governo federal.
“Nós queremos usar as ferramentas eletrônicas de automação e de inteligência artificial, que estão aí no mercado –o INSS não está inventando a roda– para que a gente possa não fazer mais só por amostragem o controle dos atestados, mas sim fazer um controle de todos os atestados.”
A ideia, explica Stefanutto, é ter um banco de dados de imagem, que irá ajudar a detectar falhas e informações incorretas entre um atestado e outro. “Certamente, isso nos ajudará a ter um modelo mais eficiente, que concede em poucos dias o benefício, e mais barato.”
De julho até novembro, quando o Atestmed foi implementado, o INSS recebeu mais de um milhão de pedidos de auxílio-doença com análise do atestado médico a distância, sem necessidade de perícia presencial.
Em nota, o instituto afirma que a tecnologia deverá ser implantada até o final deste ano. “A expectativa é de que ainda neste mês entrará em operação um novo sistema de inteligência artificial, que fará cruzamentos em bancos de dados para mapear irregularidades, com uso até de análise comportamental”, diz a pasta.
O sistema da amostragem atual, feito de forma manual, já tem detectado fraudes. Uma delas está em investigação pela Polícia Federal e diz respeito uma profissional de São Paulo com quatro padrões de letras diferentes. Foi descoberto, inclusive, que a médica não trabalhava no hospital descrito no atestado. Apresentar documento falso é crime.