Em 2021, uma reportagem investigativa em vídeo feita pela principal figura de oposição da Rússia, Alexei Navalny, apontou que o presidente Vladimir Putin gastou fundos ilícitos na construção de um palácio no Mar Negro. A produção foi divulgada dois dias depois de o advogado voltar da Alemanha e ser preso no aeroporto de Moscou por “extremismo”. Nesta sexta-feira (16), Navalny morreu numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos. Os Estados Unidos e a União Europeia culpam o Kremlin pela morte, na esteira de uma série de processos denunciados como perseguição política.
Na reportagem, o advogado descreveu a propriedade como tendo 39 vezes o tamanho do principado de Mônaco e alega que ela custara US$ 1,37 bilhão (equivalente a R$ 6,8 bilhões, na cotação atual) — pagos, segundo Navalny, “com o maior suborno da História”. A mansão — que o Kremlin nega pertencer a Putin — dispõe de vinícola, anfiteatro, boate, cassino, adega, cinema, rinque de patinação, sauna, piscina, discoteca aquática, posto de gasolina e torre de comunicação, entre outras comodidades de luxo. Tem, ainda, uma igreja ortodoxa com pedras importadas da Grécia.
O vídeo no YouTube teve milhões de visualizações e levou para as ruas, na época, milhares de russos em protesto. Os manifestantes carregavam vassourinhas de privada (as do palácio de Putin teriam custado, cada uma, R$ 4 mil). Em 2022, Navalny disse que um dos motivos para a invasão da Ucrânia, em fevereiro daquele ano, foi desviar a atenção da crise econômica e das denúncias de corrupção, como a da mansão secreta.