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Zezé Motta encerra Flipipa destacando ancestralidade e resistência

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Não temos mais tempo para curar feridas; é hora de arregaçar as mangas e mudar o jogo.” A reflexão foi feita pela cantora, atriz de cinema, teatro e televisão, Zezé Motta, neste sábado (16), durante o encerramento do Festival Literário da Pipa (Flipipa). Com o tema “Ancestralidade, culturas e linguagens”, Zezé compartilhou a mesa literária com a potiguar Alessandra Augusta, atriz, produtora cultural e audiovisual, que também é diretora presidente da Casa da Ribeira. Juntas, elas protagonizaram um diálogo intenso sobre representatividade, memória e luta.

Zezé Motta, com mais de 50 anos de carreira, compartilhou histórias que conectam sua trajetória artística às lutas sociais que marcaram sua vida. Relembrando momentos importantes de sua formação, destacou a influência de figuras como Beatriz Nascimento, historiadora e ativista do movimento negro. Beatriz, segundo Zezé, foi crucial para articular seu discurso sobre desigualdades e racismo. A artista ressaltou o sacrifício de Beatriz, assassinada ao defender uma mulher vítima de violência doméstica.

“Ela perdeu a vida pela causa, algo que precisamos lembrar e honrar”afirmou.

Alessandra Augusta trouxe uma perspectiva local à conversa, falando sobre como a ancestralidade permeia a cultura potiguar e reforçando a importância de narrativas que valorizem a diversidade de vozes. Alessandra destacou a “ancestralidade como potência”, ecoando o compromisso das artistas em trazer para o centro do debate a contribuição de mulheres negras na construção da história brasileira.

Zezé também refletiu sobre como sua própria presença no cenário artístico foi essencial para abrir caminhos para artistas negras.

Eu me sinto feliz quando vejo jovens dizendo que, através do meu exemplo, conseguem enxergar que é possível”, afirmou.

A artista compartilhou memórias de sua infância, marcada pela influência musical de seu pai, e de como começou sua carreira como atriz, ao conquistar um papel na peça Roda Viva, de Chico Buarque.

A conversa foi permeada por relatos pessoais e reflexões sobre a importância de registrar as histórias e lutas da população negra por meio da arte. Zezé destacou a necessidade de profissionais negros atuarem em todas as etapas da produção artística, desde a escrita até a direção, com o apoio de patrocínios e planejamento estruturado.

Nós precisamos contar nossas próprias histórias, mas com profissionalismo e organização”, pontuou.

A mesa encerrou com aplausos calorosos e declatrações de que a ancestralidade, como destacaram Zezé Motta e Alessandra Augusta, não é apenas memória, mas também um ponto de partida para novos caminhos. Zezé, que segue ativa aos 80 anos, com apresentações e projetos, reforça que sua arte é também sua militância. Neste domingo, ela estará em Natal para apresentar o show Coração Vagabundo no Teatro Riachuelo, uma celebração à música de Caetano Veloso.

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