A Polícia Civil do Rio Grande do Norte, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (1º), informou que o acusado de estuprar um menino de 10 anos em Natal, num shopping da capital, costumava utilizar banheiros do estabelecimento de forma demorada à espera de eventuais vítimas.
O homem, de 42 anos, estava foragido desde a semana passada e foi preso na última sexta-feira (29). Segundo a polícia, Luiz Augusto Cavalcante Vale já tinha outras duas condenações por estupro de vulnerável, em 2012 e em 2015, no mesmo shopping da capital, e cumpria pena no regime aberto após progressão da pena. Após a divulgação das imagens, outras duas denúncias surgiram na Polícia Civil.
“As vítimas eram todos meninos. Sempre do sexo masculino, desacompanhados dentro do banheiro”, disse Igara Rocha. “Ele negou a prática. Disse que costumava ficar muito tempo no banheiro, dizendo que tem problema nos rins e que por isso precisou trocar de camisa. Pelo que conversamos com a família, acredita-se que tenha sido algo casual, a criança estava ali, no momento e hora errada, e foi abordado por ele”, disse. Na ocasião do crime, ele passou 32 minutos no banheiro pelas imagens coletadas nas investigações.
Segundo a delegada, o suspeito nega qualquer crime. Além das condenações por estupros cometidos em 2012 e 2015, ele também tem uma denúncia por agressão contra a própria mãe. Após a divulgação das imagens, surgiram outras duas denúncias de crianças vítimas de estupro com o mesmo modus operandi, com o homem forçando a relação sexual mediante ameaça em um banheiro de shopping. As vítimas eram meninos, todos menores de idade. Os casos estão sendo investigados.
“Ele já havia sido condenado em duas situações e o mesmo fato, no shopping do Midway, o mesmo modus operandi, com crianças no banheiro. Posterior a divulgação das imagens, surgiram mais dois registros que vamos trabalhar em cima desses dados. Ele é suspeito de pelo menos cinco situações”, acrescentou.
A Polícia Civil suspeita ainda que pode haver uma subnotificação nas ações do suspeito. “No caso do investigado, a Delegacia de Criança e Adolescente já tinha averiguado que ele havia trabalhado em três lojas do shopping. Ele conhecia o local que agia como ninguém”, acrescentou a delegada da Polícia Civil, Paoulla Maoés.
A delegada Igara Rocha explicou as circunstâncias em que ocorreu o crime, no dia 9 de julho, quando um homem, que pode ser Luiz Augusto Cavalcante Vale, obrigou um garoto de 10 anos a pratica sexo oral nele dentro do banheiro de um shopping na capital.
“A criança estava dentro do box, ele entrou, mesmo fechado. Chegando lá, ele ameaçou a criança de morte e de sequestro. Quando entrou no banheiro, obrigou o menino a relações sexuais”, disse a delegada, detalhando o caso. A forma com que o crime foi cometido e a perversidade chocou os policiais. A criança foi submetida a profilaxia pós-exposição para Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Investigação
A Polícia Civil também recolheu computadores e material digital do suspeito. O Instituto Técnico Científico de Perícia (Itep-RN) vai periciar o conteúdo dos equipamentos para saber se há registros de imagens de vítimas e se o conteúdo poderia ser compartilhado na deepweb, área digital com conteúdo criminoso, também ligados à pedofilia.
“Há a informação de que ele produzia, gravava vídeos, mas não temos como afirmar porque o material foi encaminhado para a perícia”, confirmou Igara Rocha.
Luiz Augusto Cavalcante nega todos os crimes, apesar de confirmar que esteve no shopping no dia do estupro da criança de 10 anos e ter confirmado que é ele quem aparece nas imagens e aparece por 32 minutos dentro do banheiro. Ele disse que trocou de camisa porque estava muito suado, negando qualquer envolvimento no crime. Ele também disse que foi condenado injustamente.
“Não houve resistência da parte dele, houve colaboração. Foi solicitado, junto ao judiciário, a busca e apreensão do aparelho celular. Vamos cumprir o mandado de busca e apreensão de outros equipamentos da casa, mídia, dispositivos eletrônicos, e permaneceu calmo”, apontou a delegada Igara Rocha.
No momento da prisão, o homem estava em uma agência bancária no bairro de Lagoa Nova sacando dinheiro. Na ocasião, ele estava com uma bolsa e ele confirmou que iria para uma cidade do interior do Estado, que não foi revelada, visitar familiares, mas negou que quisesse fugir.
A Polícia Civil não informou onde o suspeito está custodiado. Ele está preso sob mandado de prisão preventiva. A delegacia já informou a situação à Vara de Execuções Penais para a regressão de seu regime de prisão pelo crime que já houve condenação.
Acusado não tem advogados constituídos
O acusado dos crimes não possui advogado constituído e tem ampla rejeição familiar, segundo informações da Polícia Civil. Ele sequer fez ligação no momento da prisão, pois segundo ele, não tinha para quem ligar.
“Ele não tinha ninguém para comunicar a prisão, tamanha era a rejeição dele. a família tomou conhecimento com as duas condenações”, disse.
Luiz Augusto Cavalcante Vale, 42 anos, estava desempregado e morava sozinho em uma residência no bairro de Lagoa Nova. Ele chegou a ser reconhecido pela vítima.
Shoppings
A Delegacia Geral de Polícia Civil do Rio Grande do Norte vai convocar diretores, interlocutores e representantes de shoppings centers e estabelecimentos comerciais de Natal para uma reunião de orientações em relação a segurança dos espaços.
“Estamos providenciando uma reunião com todas as chefias de segurança de todos os shoppings para podermos fazer orientações em relação a segurança dos shoppings”, disse Paoulla Maoés, delegada do departamento de vulneráveis da Polícia Civil.
Segundo a Polícia Civil do Estado, as orientações serão voltadas com foco não só em crianças e adolescentes, como também para situações envolvendo mulheres.