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Ainda é cedo para comemorar desaceleração da dengue no Brasil, diz infectologista

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No Brasil, já são 2,5 milhões de casos prováveis de dengue. Porém, na última semana, a região Sudeste, assim como as regiões Norte e Centro-Oeste, passaram a dar sinais de desaceleração de novos casos da doença transmitida pelo Aedes Egitosugerindo que o pico já passou. A cidade do Rio de Janeiro anunciou o fim da epidemia.

A infectologista Juliana Salles, dirigente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), pontua no entanto que ainda é cedo para celebrar.

“Muitos municípios com alta taxa de habitantes como aqui em São Paulo, ainda têm um número elevado de casos e descontrole dos focos”, diz Salles. O número de casos confirmados de dengue no estado de São Paulo desde o começo do ano ultrapassou a marca de 400 mil nesta terça-feira (2). Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde, que também registrou um aumento recorde na quantidade de mortes pela doença: com 33 novos óbitos nas últimas 24 horas, o total de vítimas chega a 190. Pelo menos 350 mortes estão em investigação.

“Esses números (da desaceleração) representam o controle dos focos e o uso da vacina, que evita a letalidade e a evolução para internação e casos graves, nos locais onde está sendo realizada a vacinação de forma adequada. Mas em muitos outros locais, como, por exemplo, o próprio município de São Paulo, ainda está atrasado na questão e ainda vai começar a estratégia de vacinação”, explica a médica. De todos os municípios paulistas que registraram mortes até agora, a capital lidera o ranking, com 33 no total.

A campanha de vacinação no país começou em fevereiro, mas, inicialmente, apenas 521 municípios foram contemplados por causa da quantidade limitada do imunizante QDenga, fabricado por um laboratório japonês e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A prefeitura de São Paulo espera começar a aplicar as doses da vacina contra a dengue na próxima quinta-feira (4).Nesta semana, o município foi incluído entre os próximos pontos de vacinação, junto a outras 164 localidades.

“É uma vacina segura que tem seus efeitos comprovados. Tem uma eficácia que chega até 80% de prevenção, principalmente, de gravidade do caso e de internação. Ela tem algumas restrições, por exemplo, como ela é um vírus vivo atenuado, não pode ser utilizada em gestantes e em população imunossuprimida, com algumas doenças de base que são detectadas quando a pessoa procura o esquema da vacinação. Mas ela é uma vacina segura. Então, é uma estratégia segura. Onde está sendo utilizada, ela tem ajudado justamente no controle da gravidade dos casos. E é extremamente importante que toda a população se utilize do sistema de saúde para ir atrás dessa vacina”, declara Salles.

Na estratégia de vacinação do Ministério da Saúde, o público-alvo são crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. A infectologista do Simesp ressalta que, mesmo quem ainda não pode receber o imunizante, deve se atentar aos métodos de prevenção.

“Para prevenir os casos de dengue, existem dois tipos de ação: as ações individuais e as ações coletivas no âmbito da saúde pública. As ações individuais, o repelente, o uso de telas (nas janelas), o controle de foco domiciliar, o controle de água parada e a reprodução das larvas são importantes. Mas também são extremamente importantes a atuação dos agentes de endemia, nos controles de focos (…) E existem larvicidas e produtos que são utilizados, inclusive, produtos para evitar a reprodução desses mosquitos nos ambientes de uso comum. Isso depende dos profissionais de saúde e rede de estrutura pública adequadamente montada. Aqui no município de São Paulo, por exemplo, existe um déficit de agentes de endemia. Nós teríamos estrutura para ter pelo menos o dobro de agentes de endemias que são trabalhadores, servidores municipais. E hoje não temos essa completude do quadro de profissionais”, lamenta.

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