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Após alimentar golpe, deputado Girão se isenta de atos terroristas

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Neste domingo 8, manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inconformados com o resultado das eleições de 2022, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF. A invasão começou após a barreira formada por policiais militares na Esplanada dos Ministério, que estava fechada, ter sido rompida.

O Congresso Nacional foi o primeiro a ser invadido, com os manifestantes ocupando a rampa e soltando foguetes. Depois eles quebraram vidro do Salão Negro do Congresso e danificaram o plenário da Casa. Após a depredação no Congresso, eles invadiram o Palácio do Planalto e o Supremo. No STF, quebraram vidros e móveis, deixando um cenário de destruição.

No início da tarde de domingo 8, antes do ataque começar, o deputado federal General Girão (PL) publicou vídeo no Twitter em que aparece o esquema de segurança na Praça dos Três Poderes e os primeiros manifestantes que chegaram ao local. Comentando as imagens, Girão disse que “querem afastar o povo”.

“Estão transformando a proximidade da Praça dos Três Poderes/Brasília numa fortaleza medieval. E tudo porque precisam afastar o povo, o verdadeiro soberano do Brasil. Lembrando que estamos terminando apenas a primeira semana de Governo Lula e 70 dias de acampamentos patrióticos. Entenderam?”, publicou Girão às 13h21.

Apoia, mas não defende

Logo após escrever nas redes sociais que “estavam afastando o povo da Praça dos Três Poderes”, Girão foi às redes sociais para repudiar os atos antidemocráticos ocorridos no domingo 8.

Ele escreveu: “sempre continuarei sendo defensor da minha Pátria. A violência ocorrida em Brasília não tem o meu apoio. Os manifestantes que vandalizaram, depredaram prédios e agiram com violência não representam o verdadeiro patriota que esteve mais de 70 dias lutando por democracia”. Entretanto, falas e ações anteriores do deputado podem ser consideradas contradições no discurso pacificador.

Em 19 de dezembro, Girão visitou o acampamento que manifestantes bolsonaristas instalaram em frente ao 16º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército (16 RI), em Natal. Usando um megafone, o deputado discursou em frente ao quartel e estimulou que os manifestantes mantivessem o ato. Girão disse que só compareceu ao ato em dezembro pela 1ª vez porque aguardou ser diplomado.

“Todo mundo aqui eu espero que tenha sido bom filho, bom pai, bom irmão, boa esposa. E aí botem o sapatinho na janela que Papai Noel vai chegar esta semana. Acreditem em Papai Noel.

Ele pode até ser camuflado também. Mantenham o desejo de vocês sempre firmes. Vocês são patriotas, vocês estão fazendo uma manifestação pacífica, exatamente como manda a Constituição. Contra quem está dentro da Constituição não pode haver nenhuma força do Estado brasileiro”, destacou o deputado.

O deputado, que é general da reserva do Exército, fez um ato de deferência às Forças Armadas durante o discurso. “Nós, militares, fomos formados para defendermos a Pátria. O Estado brasileiro entrega aos militares o direito de usar a violência em seu nome para a defesa do Estado brasileiro, para a defesa da democracia, para a defesa da soberania. E é o que eu tenho certeza que as nossas Forças Armadas continuarão fazendo. Acreditem em Deus”, acrescentou Girão.

O AGORA RN questionou José Antonio Spinelli, professor titular de Teorias Sociológicas da UFRN, se o deputado é um dos políticos que fomentava as ações em frente a quartéis. “Não há dúvida que em casos como esse, há uma responsabilidade política, sim. A identificação com a ideologia fascista de extrema direita do antigo governo federal, Jair Bolsonaro. Claramente, Bolsonaro é reconhecido como uma liderança da extrema direita fascista, internacionalmente. Então quem se alinha a esse governo, de certa forma, compactua com essa ideologia fascista e antidemocrática”, disse o especialista.

Girão ataca STF, questiona eleições e sugere golpe militar

O deputado federal General Girão (PL-RN) publicou, ao longo dos últimos anos, diversos posicionamentos nas redes sociais a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente e o deputado do RN estiveram presentes em eventos de campanha, em atos de 7 de setembro, agendas oficiais, entre outros.

Ao longo desse período, o deputado federal apoiou Bolsonaro na tentativa de reeleição e disseminou, assim como outros colegas parlamentares, a ideia de “liberdade” defendida pelo tal grupo político. O Supremo Tribunal Federal (STF) foi atacado repetidamente, como na vez em que Girão escreveu no Twitter que “temos o pior STF de toda a história política do Brasil”.

As suspeitas levantadas contra o STF, contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e contra as urnas eleitorais foram fomentadas. Com o resultado do pleito e a vitória de Lula (PT), apoiadores de Bolsonaro organizaram manifestações em rodovias e, principalmente, em frente a quartéis do Exército Brasileiro. A maioria pedia intervenção das Forças Armadas para que Lula não assumisse o poder.

Em 25 de dezembro do ano passado, Girão escreveu: “Nunca na história do Brasil houve uma manifestação popular tão persistente e incisiva como a atual. São dois os objetivos: Contra o STF e contra a posse de um presidente eleito com suspeita de fraude. Pergunto: quem é mesmo soberano, o povo ou o STF? Quem vai resolver isto?”.

Em post do dia 21, Girão usou analogias para incitar a ação da população. “Manobra de Tempestades, Campo Minado ou Trecho de um Vôo sem volta? Venha o que vier, mas nosso Brasil não pode virar um país Comuno/Socialista. Essa nova forma de governo, o judicialismo, não merece prosperar. O povo precisa dizer que não aceita”.

No dia 20 do mesmo mês, no ato de diplomação do segundo mandato como deputado federal, Girão disse que estava feliz em representar os potiguares. “Porém, enquanto não tivermos mais transparência e condução imparcial do judiciário eleitoral não é possível celebrar a vitória total da democracia. O povo quer respostas. E nós iremos atrás delas”, escreveu o parlamentar no Twitter.

Já no dia 3 de janeiro de 2023, pouco depois da posse de Lula em Brasília, General Girão compartilhou nas redes sociais um vídeo em que Lula é alvo de protesto no enterro de Pelé com a seguinte legenda: “Enquanto o Barroso recebe o ‘carinho’ do povo em Miami, o ex-presidiário é recepcionado pelos fãs do Rei Pelé. Saiam mais dos gabinetes e sintam a aprovação popular de perto”. As hashtags, nessa publicação, foram: “#VemPraRua e “SoberanoÉoPovo”.

Em 8 de janeiro, Girão escreveu também no Twitter: “Quem não quer transparência e lisura nas eleições são os golpistas e traidores da Pátria. Prisão, no mínimo, para esses canalhas e seus cúmplices”, reforçando a ilusão de que as eleições podem ter sido fraudadas para conceder vitória a Lula.

Em novembro do ano passado, General Girão questionou o resultado das eleições e defendeu as manifestações em favor da intervenção militar que aconteceram desde que Lula (PT) venceu o pleito. O general ainda sugeriu a tomada de um golpe militar, afirmando que “a mochila e o coturno estão prontos”.

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