O movimento Vida Além do Trabalho (VAT), convocou uma mobilização nacional nesta sexta-feira (15) pelo fim da escala 6×1 em todo país. Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, o ato unificado se concentrou na calçada do Ferreira Costa, na Av. Roberto Freire, e reuniu cerca de 300 pessoas entre sindicatos, estudantes e trabalhadores da cidade.
A mobilização em Natal foi unitária e reuniu partidos, sindicatos, estudantes e trabalhadores de vários setores da cidade, dentre eles a Central Sindical Popular (CSP Conlutas), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Frente Brasil Popular RN, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e muitas outras entidades estiveram presentes.
A Agência Saiba Mais conversou com participantes da manifestação que explicaram a importância de juntar forças à mobilização que aconteceu em todo país. Para Bia Sá, estudante e militante presente no ato, a mobilização é importante pois atinge diversos setores da sociedade e é preciso fazer pressão popular para garantir que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) avance sem reduzir nenhum direito dos trabalhadores.
“Hoje o salário mínimo no Brasil deveria ser mais de 6 mil reais, mas a gente recebe pouco mais de mil reais. Um salário de miséria para trabalhar uma jornada extremamente cansativa, que tira a saúde mental dos trabalhadores, que impede com que estudantes, que têm que estudar e trabalhar, não consigam se formar e estudar com dignidade. Isso provoca um adoecimento grande na população inteira, mas os empresários, os donos dos meios de produção, a burguesia no geral, que é a classe dominante do nosso país, não se importam com isso. Esse movimento tem ganhado corpo e a gente tem que fazer pressão popular porque o que vai garantir com essa PEC realmente vá pra frente sem ter o seu texto rebaixado por deputados e políticos de direita do centrão, que podem ir rebaixar o texto da PEC, o que vai impedir com que isso aconteça vai ser a mobilização e a pressão popular nas ruas.”, defendeu.
Alexandre Guedes, membro da CSP Conlutas, explicou a importância da pauta para os trabalhadores, porque ela permite que a categoria possa ter uma vida mais plena, mais tempo com a família, lazer e tempo de descanso, o que repercute diretamente na saúde física e mental dos trabalhadores.
“Fizemos uma grande manifestação e reunimos centenas de trabalhadores, com vários partidos, sindicatos, organizações sociais, movimentos sociais. Foi um primeiro passo importante. Um ato que foi que unificou o Brasil e que promete mais capítulos nessa luta. Vamos fazer uma avaliação na segunda-feira a partir das 16 horas da tarde lá no Sindicato dos Trabalhadores em Educação e dar sequência a essa luta.”, contou.
Paulo Martins, do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN, ressaltou que é muito importante que essas atividades continuem e que o Congresso Nacional aprove a mudança. Martins, inclusive, lembrou da Reforma Trabalhista que retirou vários direitos dos trabalhadores.
“A reforma Trabalhista de Rogério Marinho foi um desastre, no tempo que ele estava como relator do processo, no governo de Michel Temer, para a classe trabalhadora foi um desastre. Tiraram muitos direitos do povo e a gente não aguenta mais isso. Então esse movimento é muito importante e espero que essas atividades continuem. ”, disse.
Ele lembrou que a pauta também é importante para os trabalhadores da saúde para evitar cargas horárias excessivas da categoria. “A gente que é da área da saúde, do estado e dos municípios, que são servidores estatutários, se aprova essa carga horária também é muito importante, porque até piso salarial das categorias que são aprovadas, elas são em cima de 44 horas, então é muito estressante. É isso que a gente luta.”ressaltou.
Entenda o movimento
Fundado pelo vereador eleito do Rio de Janeiro, Rick Azevedo (PSOL), O movimento Vida Além do Trabalho (VAT) ganhou força na internet nos últimos dias. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-RJ) é a autora da PEC que prevê uma revisão na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para abolir a escala de trabalho 6×1, em que um funcionário precisa trabalhar seis dias durante a semana para ter direito a um dia de folga.
Para tramitar no Congresso Nacional a proposta necessitava do apoio de, pelo menos 171, dos 513 deputados da Câmara Federal, conseguindo ultrapassar o número de assinaturas após forte apoio popular.
Da bancada federal do RN, os únicos a assinarem a PEC foram a deputada Natália Bonavides e o deputado Fernando Mineiro, ambos do PT. Em suas redes sociais, a ex-candidata a prefeita de Natal declarou que “é inadmissível uma jornada que preveja apenas um único dia de folga para o trabalhador” e conclamou seus seguidores a pressionar “os demais deputados do RN e do Brasil”.
Os demais integrantes da bancada potiguar na Câmara em Brasília, formada pelos deputados federais Benes Leocádio (União Brasil), João Maia (PP), General Girão (PL), Robinson Faria (PL), Sargento Gonçalves (PL) e o prefeito eleito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil), que dará lugar a Carla Dickson (União Brasil), ainda não se posicionaram sobre o tema.
Saiba +: Movimento Vida Além do Trabalho convoca ato nacional pelo fim da escala 6×1
Rogério Marinho chama PEC do fim da escala 6×1 de “factoide”
Da bancada do RN, Natália e Mineiro assinam PEC do fim da escala 6×1
Movimento Vida Além do Trabalho busca ganhar forma no RN