18.7 C
Ouro Branco

Batimentos cardíacos de adolescente internada na UTI subiam a 190 quando pai, acusado de estuprá-la, passava a mão nela

Anúncios

Um batimento cardíaco considerado normal, em repouso, segundo os médicos, está em torno de 50 a 90 batimentos por minuto. Enfermeiras contam que jovem de 17 anos também esperneava, chorava e tentava gritar. Ele foi preso pela polícia após equipe decidir filmá-lo.

Os batimentos cardíacos de uma adolescente internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, chegavam a 190 por minuto quando o pai dela passava a mão em seu corpo. O homem foi preso no dia 13 de maio pela Polícia Civil por suspeita de estupro vulnerável.

O caso foi revelado nesta terça-feira (11) pelo Profissão Repórter. O g1 também teve acesso a mais informações do caso.

“Sempre que o genitor se aproxima da paciente […], os batimentos cardíacos ficam altos, já tendo chegado a 190, sendo que já por cerca de três vezes”, falou uma enfermeira ouvida como testemunha pela investigação.

Um batimento cardíaco considerado normal, em repouso, segundo os médicos, está em torno de 50 a 90 batimentos por minuto. Acima de 180 já há risco de algum problema no coração, como, por exemplo uma parada cardíaca.

A equipe que notou a agitação da garota de 17 anos também decidiu gravar as atitudes do pai com a filha durante as visitas dele no leito hospitalar (veja vídeo abaixo).

Filmaram com o telefone o homem acariciando os seios por baixo do avental e tocando as pernas da jovem. As imagens acabaram encaminhadas ao 2º Distrito Policial (DP) e foram determinantes para a Justiça decretar a prisão do suspeito. Além disso, testemunhas contaram que as filmagens mostram ele abrindo a fralda da filha e acariciando a sua vagina. E dava beijos excessivos no pescoço e peito dela.

O homem está detido preventivamente e se tornou réu no processo por estupro.

Defesa e esposa de acusado negam crime

A defesa do homem diz que seu cliente alega inocência. Segundo o advogado do acusado, ele nega veementemente as acusações. E diz que as gravações não confirmam com exatidão a prática do crime. A família do réu e da vítima também foi procurada pela reportagem para comentar o assunto.

A esposa do preso e mãe da garota falou que “ele não fez nada” (veja vídeo abaixo). O rosto do marido dela foi borrado na reportagem porque, como ele é pai da vítima, sua identificação poderia, também, revelar a identidade da jovem.

Segundo os depoimentos das testemunhas, a adolescente está internada no hospital desde 3 de abril, quando foi a uma festa e sofreu uma parada cardiorrespiratória após fumar um cigarro eletrônico, o vape. Ela sofria de asma e havia esquecido a “bombinha” que usava durante as crises respiratórias. Como ficou sem respirar por um tempo considerável, acabou tendo sequelas: não fala e tem dificuldades para mexer o corpo.

Vítima continua na UTI

Atualmente a jovem está acamada com uma traqueostomia para ajudar na respiração. Não há previsão de alta médica para ela. Segundo a equipe que a atende, a paciente tem compreensão e entende o que acontece ao seu redor, mas não consegue se comunicar.

Além de notar a taquicardia na adolescente, quando o pai se aproximava da filha, a equipe de enfermagem percebeu que a paciente chorava, se debatia e tentava gritar ao ver o homem. As visitas que ele fazia a filha eram sempre à noite. Durante o dia e à tarde a mãe da jovem e uma tia ficavam no quarto.

Quando o homem aparecia na UTI, ele insistia para fechar as cortinas e poder ficar sozinho com a filha. Essa atitude chamava a atenção da equipe de médicos e enfermeiros. As cortinas precisavam ficar abertas para que pudessem monitorar os equipamentos que mediam os batimentos cardíacos da jovem, por exemplo.

Sete profissionais da equipe de enfermagem que presenciaram os abusos sexuais do pai contra a filha foram ouvidos como testemunhas na delegacia que investiga o caso. Num dos relatos, uma enfermeira contou que pediu para a paciente piscar os olhos fortes para saber se ela tinha medo do pai. De acordo com a testemunha, ela confirmou.

O que é estupro de vulnerável

Estupro de vulnerável é um crime se aplica a situações em que a vítima é uma criança ou adolescente com menos de 14 anos ou sem discernimento no momento do ato — quando não consegue se defender. São 56 mil denúncias de estupro de vulnerável por ano no Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 153 casos por dia e seis a cada hora.

⚠️ As histórias são delicadas e difíceis de contar, mas importantes como alerta para proteger crianças e adolescentes.

“Alguém completamente vulnerável sendo abusada por aquele que devia guardá-la. Tem casos que nos tocam demais. Somos humanos”, disse à reportagem Kelly Cristina Sacchetto, delegada seccional em São Bernardo do Campo.

“Tivemos a constatação, realmente, através do exame de corpo de delito, que é o documento mais importante, onde realmente se constatou o abuso sexual, as lesões provenientes desse abuso que esse pai cometia”, complementou a delegada.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a adolescente apresentava “lesões compatíveis com a prática de atos libidos” e que a data provável do acontecido seria “recente”.

Funcionárias do hospital

Uma testemunha contou que depois da filmagem feita, pela manhã, “percebeu que a adolescente estava muito agitada no momento de trocar a fralda, e notou que as partes íntimas dela estavam com muita vermelhidão e fissuras”.

Sob condição de anonimato, duas funcionárias do hospital que atenderam a adolescente aceitaram falar com o Profissão Repórter (veja vídeo abaixo).

“Observamos que, durante o tempo que ela ficava com o pai, era o momento que realmente ela se agitava mais, ela tinha taquicardia e a equipe toda ficou em alerta, porque a gente não queria acreditar que era o que realmente a gente estava vendo ali. É uma situação de abuso”, disse uma funcionária.

Outra profissional disse que chamou a atenção do homem depois que ele abriu a fralda da jovem.

“Ele acariciou o seio dela. Eu vi por duas vezes na noite de sexta-feira. Ele abria a fralda dela por duas vezes e nós brigamos com ele que não era para ele fazer aquilo. Ele mexia muito na perna, beijava meio que de canto de boca, se esfregava na beira da cama e, ao sair, ele ajeitava a roupa e se direcionava ao banheiro.”

Mais artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos