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Ouro Branco

uma prisão e milhões de risos

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O Brasil acordou celebrando – e rindo! – no sábado (14): a notícia da prisão de Braga Netto, general braço-direito e candidato a vice de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, finalmente nos deu um alento de que a justiça se faz neste país e de que golpistas não mais passarão.

O acontecimento (que, curiosamente, deu-se justamente no aniversário de Dilma Rousseff, primeira mulher presidente e destituída pela mesma cambada sinistra que há pouco tempo esteve no poder) não poderia deixar de ser enunciado, também, por meio do humor. As redes sociais, grande ágora da nossa contemporaneidade digital, pipocaram de expressões humorísticas que podemos chamar satíricas:

Há diferentes tipos de humor e diferentes formas de expressão humorística.  Podemos, então, rir de muitas maneiras e com muitas finalidades. A sátira pode ser compreendida como uma expressão de um humor que atua como ataque. Ou, mais ainda, como contra-ataque.

Segundo Peter L. Berger, em “O riso redentor: a dimensão cômica da experiência humana” (com tradução de Beatriz Silveira Castro Filgueiras, pela editora Vozes), a sátira mais antiga de que se tem registro remonta ao grego Arquíloco, que viveu na Ilha de Paros no século VII a. C. Proibido de casar-se com a filha de Licambo em razão de sua condição de filho de uma mulher escrava, Arquíloco passou a compor pequenos poemas em que ridicularizava Licambo em praça pública, tornando cômicas e risíveis suas características físicas e de caráter.

Assim, faz tempo que a comicidade pode ser utilizada como uma inteligente arma em uma cena estratégica de contrapoderes. Os memes e demais textos humorísticos (piadas, anedotas, canções, parodias etc.) que circularam e circulam a partir da prisão de Braga Netto reatualizam essa dimensão do humor e da sátira de contra-ataque em uma cena específica de embate (no caso, democracia x golpistas):

Por se tratar de uma cena de um embate específico, circunscrita a um contexto particular, as sátiras tendem a apresentar um tom fugidio. Como assinala Berger, para um leitor moderno compreender, por exemplo, as sátiras de Aristófanes (447 a. C. – 385 a. C.) ou Rabelais (1494-1553), há que se fazer um grande trabalho de exegese erudita.

Mas não esqueçamos: o humor também pode ser utilizado como uma munição que não só nos consola como também nos afirma e nos faz resistir. Publicações como The Clinic, no Chile, ou mesmo O Pasquim, no Brasil, não nos deixam esquecer a triste memória do que foram os tempos de ditadura militar e a sombra que nos espreita ainda. E o fazem por meio da sátira.

Satirizemos, portanto. Que a justiça se faça e que venham novas prisões. E outros risos de celebração!

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