O Brasil é quarto país do mundo que mais mata ambientalistas, de acordo com relatório da ONG Global Witness. No ranking mundial, o Brasil somou 20 mortes no ano passado, ficando atrás apenas da Colômbia (65 mortes), México (30) e Filipinas (29).
O ano de 2020, analisado na pesquisa “Última linha de defesa”, foi o mais letal desde o início do levantamento em 2012. Foram assassinadas 227 pessoas – média de quatro mortes por semana – enquanto tentavam defender seus territórios, o direito à terra, seus meios de subsistência e o meio ambiente.
Um dos casos recentes que ganharam bastante repercussão e indignação por parte da sociedade foi a morte de Paulo Paulino Guajajara. O líder indígena foi assassinado a tiros por madeireiros dentro da Terra Indígena Araribóia, região da Lagoa Comprida, no estado do Maranhão, em 2019.
O assassinato da religiosa americana Dorothy Mae Stang, aos 73 anos, completou 16 anos em 2021. A missionária foi morta com seis tiros, numa emboscada, em uma área do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) no assentamento Esperança.
Desde 2012, quando a ONG começou o estudo, o Brasil vem ocupando as primeiras posições em número de mortes de ambientalistas em todo o mundo. Em 2019, o país chegou a ficar na terceira posição.
O relatório chamou atenção para a situação da floresta Amazônica como ponto de exploração e para a ameaça dos indígenas que vivem em áreas visadas por grandes empresas.
Cerca de 70% das vítimas em todo o mundo estavam trabalhando contra o desmatamento e a expansão industrial. No Brasil e no Peru, é estimado que três quartos dos assassinatos aconteceram na região da Amazônia, com ativistas que protegiam a floresta.
Há suspeitas de que quase 30% dos ataques tiveram relação à luta contra a exploração de recursos como extração de madeira, mineração e agronegócio em grande escala. Desse total, exploradores da indústria madeireira são suspeitos pelo maior número de assassinatos, respondendo por 23 casos.
Fora da Amazônia, o México se destaca com um grande aumento nas mortes relacionadas à extração de matéria-prima e desmatamento. Já os povos indígenas foram alvos em 5 de 7 ataques registrados.
A Global Witness responsabiliza a exploração de companhias que colocam o lucro acima das questões ambientais. O relatório cita que, nos países ricos em matéria-prima e com biodiversidade a impunidade, tende a ser pior, porque há várias corporações atuando.
O relatório também recomenda que, com a crise climática se intensificando, os governos se posicionem a favor dos direitos humanos e da vida sustentável, para proteger não só os ambientalistas, mas também a sociedade civil.
Procurada pela CNN, a assessoria de imprensa do Conselho Nacional da Amazônia Legal, do governo federal, ainda não se posicionou sobre o levantamento.