Com alguns lances de qualidade técnica e escolhas táticas que lembraram os melhores tempos sob o comando de Tite principalmente no primeiro tempo, a seleção brasileira venceu o Peru hoje (9), por 2 a 0, pela décima rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar. Everton Ribeiro e Neymar fizeram os gols na Arena de Pernambuco, que não recebeu público.
A vitória mantém o Brasil como líder isolado das Eliminatórias com 100% de aproveitamento em oito partidas.
Os próximos jogos da competição serão no mês que vem. Dia 7, o Brasil enfrenta a Venezuela fora de casa e a seleção peruana recebe o Chile. Nessa data Fifa de outubro, o time de Neymar também terá desafios contra Colômbia (jogo atrasado da quinta rodada) e Uruguai, com previsão de público, na Arena da Amazônia.
Neymar apagou a má imagem deixada no jogo contra o Chile e foi bem diante do Peru. Caçado, gerou três cartões amarelos de adversários só no primeiro tempo, criou cinco chances de gol (uma delas com assistência) e ainda fez o dele antes de mostrar o tanquinho para mostrar que está bem fisicamente. Isso tudo no terceiro jogo da temporada depois das férias. Na etapa complementar o ritmo diminuiu, mas o serviço estava feito: é o maior artilheiro brasileiro da história das Eliminatórias.
Gabigol: ainda falta
A bola chutada para o alto no primeiro lance do segundo tempo, o que poderia aumentar para 3 a 0 o placar, ajuda a explicar as razões de o camisa 9 ainda não estar totalmente à vontade na seleção. Esforçado e solidário como dupla de Neymar, Gabigol não conseguiu finalizar nenhuma jogada para o gol e teve problemas para ajudar na fluidez da equipe — errou quase 20% de suas tentativas de passe. O momento é de crescimento e o desempenho é melhor do que já foi, mas ainda parece haver um caminho a ser percorrido.
Brilho, eficiência e testes
O desempenho da seleção brasileira foi bom desde os primeiros minutos de bola rolando. Tite organizou o time num 4-4-2 sem a bola, que virava 4-2-4 quando tinha a posse, com Everton Ribeiro e Lucas Paquetá bem abertos. Mas tinha um segredo nessa estratégia: num movimento ensaiado, treinado e bonito de ver do estádio, os dois pontas centralizavam para as passagens dos laterais Danilo e Alex Sandro — principalmente o segundo, pelo lado esquerdo.
Esse estilo de meia que parte da ponta para procurar o meio-campo e atrapalhar a marcação do adversário, que Tite chama de “flutuador”, remete a Philippe Coutinho e os melhores momentos da seleção com seu técnico. Com os jogadores se desprendendo dos setores originais, trocando passes no sentido do gol do Peru, foi que o Brasil fluiu e empilhou chances de gol no primeiro tempo, com Paquetá, Everton Ribeiro, Alex Sandro, Neymar e Gérson, além dos gols de dois deles.
O Peru tentou equilibrar, mas se enrolou num dilema: se marcava baixo dava errado porque defendia mal e se marcava alto dava um monte de espaço e tomava sufoco.
Era um jogaço do Brasil, mas o ritmo caiu muito no segundo tempo. Confortável em campo, repleto de jogadores em começo de temporada na Europa e desarticulado pelas alterações do Peru, o time mais administrou o resultado do que qualquer outra coisa. Tomou até uma minipressão, mas Weverton evitou o pior numa finalização de Marcos López. Na reta final do jogo, Tite fez alguns testes. Matheus Cunha, Bruno Guimarães, Hulk e Edenilson, todos com pouca ou nenhuma participação, tiveram minutos para mostrar algo, mas não mexerem no placar.
Os gols
O primeiro gol do Brasil saiu aos 13 minutos do primeiro tempo. Neymar desarmou Santamaría pela esquerda num lance em que o Peru pediu falta e o árbitro não deu. O passe era para Gabigol, mas chegou em Everton Ribeiro para marcar. O placar aumentou aos 39, quando Gabigol entrou pela direita e bateu. Everton Ribeiro teve a sobra, Santamaría desviou e Neymar concluiu.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 2 x 0 PERU
Competição: Eliminatórias da Copa do Mundo, 10ª rodada
Local: Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata (PE)
Data/hora: 9 de setembro de 2021, quinta-feira, às 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia)
Assistentes: Alexander Guzmán e Wilmar Navarro (ambos da Colômbia)
VAR: Esteban Ostojich (Uruguai)
Cartões amarelos: Casemiro, Lucas Paquetá, Gabigol, Neymar (Brasil), Santamaría, Renato Tapia, Yotún, Gabriel Costa, Christofer Gonzales (Peru)
GOLS: Everton Ribeiro, aos 14/1ºT (1-0), Neymar, aos 39/1ºT (2-0)
BRASIL: Weverton; Danilo (Daniel Alves, aos 17/2ºT), Lucas Veríssimo, Éder Militão e Alex Sandro; Casemiro (Bruno Guimarães, aos 32/2ºT), Gérson (Edenilson, aos 38/2ºT), Everton Ribeiro (Matheus Cunha, aos 17/2ºT) e Lucas Paquetá; Gabigol (Hulk, aos 38/2ºT) e Neymar. Técnico: Tite.
PERU: Gallese; Advíncula, Santamaría (Christian Ramos, no intervalo), Callens e Marcos López; Renato Tapia (Cartagena, aos 14/2ºT), Yotún (Gabriel Costa, aos 14/2ºT), Christofer Gonzales e Cueva (Edison Flores, no intervalo); Carrillo e Lapadula (Ruidiaz, aos 27/2ºT). Técnico: Ricardo Gareca.