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Breve relato de como eu vivi a política de perto

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Caros leitores, em primeiro lugar, quero desejar à vocês um ano de 2025 com muito aprendizado, realizações profissionais e pessoais (principalmente), saúde e força de vontade para lutarmos por um mundo melhor.

Estou de volta a minha coluna semanal aqui neste indispensável portal de notícias de nossa cidade e Estado. Acho válido informá-los que passei um tempo ausente pois, fui candidato à vereador em Natal, a fim de cumprir com as orientações da legislação eleitoral decidimos dar esse tempo. Além do fato de que meu primeiro filho nasceu ainda em setembro passado, o que me fez reprogramar minhas rotinas diárias.

Esse período em que fui candidato pela primeira vez foi de muito aprendizado, em especial sobre a política em nossa cidade. Pude sentir na pele o que é uma candidatura pequena e sem recursos, além de ver mais de perto como que, infelizmente, funciona na mente das pessoas a relação candidato-voto.

O ano está começando e já vemos logo nos primeiros dias, vereadores e prefeitos tomando posse e empossando seus secretários e demais cargos em comissão. O que pretendo nesse primeiro texto de 2025 é retratar um pouco de como foi esse aprendizado, pelas conversas com o eleitorado.

Percebi que nossa população ainda não entende a importância de seu voto. Aquela mesma história de que votamos nas pessoas de 2 em 2 anos sem sequer acompanhar o que cada político faz ao longo de seu mandato. Muitos escolhem seus votos por algo que irão receber em troca, seja um favor, um dinheiro, um cargo, ou o principal deles, um emprego terceirizado.

No meu caso, foram várias pessoas com quem conversava sobre minha campanha, inclusive algumas bem próximas a mim, que quando ia pedir voto, a primeira pergunta era logo: “o que eu ganho com isso?”, ou então “o que você vai me dar em troca?” ou mesmo, “você vai me oferecer algumas coisa pra votar em você?”. Ora, se com pessoas próximas ouvimos isso, ainda mais para um candidato pequeno, desconhecido e sem dinheiro, imagina como deve ser uma campanha dos grandes?

Isso tudo eu trago para que a gente possa passar a pensar melhor em quem e em como eu uso o meu voto. A venda de voto é o maior erro que um eleitor pode cometer, pois se eu compro algo, eu faço o que bem quiser com ele. Logo, se compro teu voto, não preciso ter nenhuma responsabilidade sobre ele, já está comprado. Assim como quem vende, não precisa ter retorno nenhum daquele candidato quando eleito, pois quem vendeu, já obteve seu retorno, em forma de dinheiro, favores ou cargos.

É uma triste e dura realidade. Mas é extremamente real. Quero deixar claro que jamais comprei, e tampouco compraria voto algum, afinal, acredito numa política diferente do que está posto atualmente. Creio que políticos devam representar as vontades da população e não interesses escusos. Os políticos precisam ser os porta vozes da população, seus gabinetes devem ser abertos a quem precisar. As políticas públicas e projetos de leis aprovados precisam atender às necessidades reais da população.

O que mais vemos são candidatos andando por todos os bairros da cidade em época de eleição, mas que não pisam ali durante o mandato para perguntar o que o povo daquele lugar está precisando. Já participei de muitos movimentos sociais, no qual lutamos pra conseguir uma audiência pública para que possamos ser ouvidos.

Outro fator muito delicado nesse jogo político são os diversos postos de trabalho terceirizados, que além de ser uma força de trabalho sucateada, mal remunerada e com salários sempre atrasados, servem de moeda de troca em época eleitoral. Não precisamos ir longe, basta pegar o noticiário da eleição passada e ver a quantidade de trabalhadores terceirizados pressionados a votar no candidato tal, sob ameaça de serem demitidos, caso o candidato em questão não fosse eleito. E com isso, levam não só o voto daquele trabalhador, mas de toda sua família. Pois o emprego é algo sagrado, que além de dignidade, nos possibilita o básico como a feira do mês, o aluguel, a escola das crianças, etc. Ou seja, além de precarizar o trabalho, a terceirização no setor público corrobora para a constante “compra” indireta de votos.

Enquanto não acabarmos com essa questão posta acima, não vejo um futuro promissor na vida política de nosso país.

Nós eleitores, precisamos aprender de uma vez por todas, não só ir votar, mas sobretudo, acompanhar a política de maneira responsável e crítica. Não podemos fazer da política um Fla/Flu, com extremismos e falta de diálogo, em que cada um se acha certo e pronto. Precisamos sim dialogar, mas com uma esculta atenta, permissiva, em que se esteja aberto ao novo, para ouvir os pontos de vista diferentes.

Não adianta reproduzirmos aquele discurso de que “Eu não gosto de política”, pois ela está em todo lugar, em tudo que fazermos, ou deixamos de fazer. Não se envolver com a política, já é uma decisão política. Quando criança sempre ouvia que política não se discute… Mas quero dizer que essa frase é completamente errada. Política precisa sim ser discutida, debatida, com seriedade e tranquilidade. Pois é ela quem dita os rumos de nossas vidas, desde um ônibus lotado que pegamos para ir trabalhar, passando pelos impostos que pagamos, pela UPA sempre lotada, pela qualidade das ruas e estradas, pela qualidade do alimento que comemos e por aí vai…

O ano de 2025 está só começando, mas 2026 está logo ali, e mais uma vez estaremos num período importante para nosso país. Não vamos deixar para a última hora os diálogos sobre nosso país. Sugiro que cada um e cada uma que nos lê agora, pense em como pode contribuir para um diálogo mais saudável sobre a política brasileira. Vamos aprender que políticos não são seres supremos ou superiores, são apenas funcionários representantes do povo. E assim que temos que cobrá-los, senão, após quatro anos, deixemos que ele volte à sua vida normal, pois não serve à população.

Mais uma vez, desejo um ano novo maravilhoso para todas as pessoas!

Confira o conteúdo original aqui!

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