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Ouro Branco

Caetanices para encerrar 2024

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Sempre escuto Caetano. Aquele das músicas, das entrevistas, shows etc. Ele tem feito parte da minha formação musical, existencial e política. “Força estranha” foi uma das primeiras canções na minha vitrola de vida no bar do Ribamar pelos idos dos anos 1980 na cidade de Rodolfo Fernandes-RN. Uma Macondo das minhas utopias perdidas de infância: amores, futebol, cavalos, fazenda…Da vida interiorana para a capital, redescobri Caetano na época de UFRN. Morei em Residência Universitária e meu amigo/irmão Sandro Azevedo me apresentou a versão de “Totalmente demais”. Tornou-se antológica conjuntamente com as músicas do Pink Floyd na radiola do apartamento da Campus II. Já “Odara” e “ Vaca Profana” compuseram um mosaico de descobertas políticas e de afetos. Sobretudo a primeira como mensagem irônica e alegre de uma canção que nos alertava para a necessidade de deixar o corpo solto e sereno. Caetano sempre defendeu uma esquerda mais Odara. Fiz parte desta ala. Embora não tão assíduo já que havia me encantado pelos cantos da sereia da esquerda leninista. Sisuda, disciplinada, racional.

Tempos de militância política no Movimento Estudantil e noitadas na inesquecível Bodega da Praça na Vila de Ponta Negra.

Tempos depois, a canção “Tigresa” marcou-me como um dos hinos fundamentais nas experiências afetivas. Continua ecoando as passagens: “Ela me conta sem certeza tudo que viveu. Que gostava de política em 1966/ E hoje dança no “frenetic dancin days”. Depois se seguiram tantas outras canções: “Vamo comer” que parecia antecipar as tensões dos extremismos políticos atuais:

“(…) Quando é que em vez

De rico ou polícia

Ou mendigo ou pivete

Serei cidadão

E quem vai equacionar

As pressões do PT

E UDR

E fazer

Dessa vergonha

Uma nação

Vamos comer

“Vamos comer”

Ou ainda, “Estrangeiro” que menciona o estranhamento do antropólogo Claude Lévi-Strauss quando viu a Baía da Guanabara. Como esquecer a canção “Sonhos de Peninha e regravada por Caetano?  Caetano segue nos surpreendendo. Sua última é a turnê com a sua irmã Maria Betânia na qual a canção “Reconvexo” é parte primorosa no “set list” dos shows. Caetanear tornou-se se verbo para os brasileiros e brasileiras. Que em 2025 continuemos a caetanear o que há de bom.

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