Caminhoneiros fazem bloqueios parciais em rodovias pelo país nesta quinta-feira (9).
Segundo boletim do Ministério da Infraestrutura das 11h, os atos estavam concentrados em pelo menos 14 estados, com interdições apenas em cinco estados. São eles: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia, Pará e Roraima o trânsito está liberado, mas ainda há abordagem a veículos de cargas, segundo o ministério. O número caiu desde o último boletim, das 8h30, quando 15 estados registravam atos, dos quais nove tinham bloqueios parciais.
O ministério ainda afirma que alguns pontos de retenção na região norte de Santa Catarina, onde a mobilização chegou a ameaçar condições de abastecimento, foram liberados por equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em Florianópolis alguns postos de gasolina estão ficando sem combustível. Em média, os motoristas estão levando de 40 minutos a uma hora para abastecerem seus veículos.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) divulgou uma nota de repúdio às paralisações, segundo ela, organizadas por caminhoneiros autônomos.
“Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, diz o texto da associação, assinado pelo presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio.
A entidade, que congrega cerca de 4 mil empresas de transporte, disse ainda estar preocupada com os efeitos que o bloqueio nas rodovias poderão causar, especialmente em relação ao abastecimento dos setores de produção e comércio.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho político com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos.
“Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra”, disse Chorão, que foi um dos principais líderes da categoria na greve de 2018. “Está claro que a pauta não é da categoria”.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer, relatou ter visto alguns pontos de manifestações de caminhoneiros, “conforme era esperado” diante de manifestações de Bolsonaro.
“Vimos veículos do agronegócio, como tratores e máquinas agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar tentando trabalhar”, disse.
A CNTTL enviou recentemente ofício ao presidente do STF, Luiz Fux, repudiando atos “extremistas”, as declarações do cantor Sérgio Reis e do que chamou de “pseudo lideranças” de caminhoneiros, dizendo que não compactua com atos antidemocráticos.
Ao menos nove entidades, entre associações, confederações e sindicatos ligados à categoria informaram ontem que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos.
Bolsonaro pede que caminhoneiros liberem rodovias
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), enviou, na noite desta quarta-feira (8), um áudio direcionado aos manifestantes afirmando que os bloqueios das estradas “atrapalham a economia”, pois provocam desabastecimentos, inflação e prejudicam a todos, “em especial os mais pobres.”
“Não parem, caminhoneiros. Se tiver uma paralisação no Brasil, todos vão sofrer. Desde o abastecimento, inflação, vai ter problemas sociais graves. Se eu puder apelar aos caminhoneiros aqui é que não parem o Brasil. Eu sei do poder que eles têm e reconheço o trabalho que eles fazem, mas acredito que a paralisação não interessa para nenhum de nós”, disse Bolsonaro.
A autenticidade da mensagem foi confirmada por duas fontes do governo à CNN e pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que gravou um vídeo diante da repercussão do áudio.
Segundo a Reuters, Bolsonaro afirmou que se reunirá com os líderes da categoria ainda nesta quinta para discutir sobre a paralisação. O encontro foi confirmado à Reuters pela assessoria de Freitas, que está com o presidente no Palácio do Planalto. A conversa deve acontecer por videoconferência.
“Eu tenho uma hora na manhã… já tenho o tempo tomado com o pessoal dos Brics, uma hora, mas estou mais cedo também. Nesses dois intervalos vou conversar com os caminhoneiros para a gente tomar uma decisão”, disse o presidente a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada nesta manhã.
Início dos protestos
As manifestações começaram na esteira dos atos de 7 de Setembro, convocados pelo presidente.
O número de estados com registro de manifestações tem crescido ao longo do dia. O primeiro comunicado divulgado pela Pasta citava ocorrências em apenas quatro Estados.
O ministério informa ainda que, ao todo, já foram “debeladas” 117 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias nas últimas horas.