Tomar decisões conscientes sobre o uso e a gestão do dinheiro para evitar problemas como endividamento, inadimplência e falta de recursos em momentos críticos é um pilar essencial de uma boa educação financeira. Nesse sentido, é crucial que as pessoas aprendam a planejar as finanças, estabelecer metas e traçar limites. É o que propõe uma cartilha lançada pelo Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Norte (Corecon-RN), que pode ser baixada gratuitamente e integra o Programa de Educação Financeira da instituição.
Em um contexto econômico marcado por altos índices de endividamento e instabilidade financeira, a ideia da ação é capacitar os cidadãos sobre o controle das finanças, destaca o economista Ricardo Valério. “Não é uma cartilha para puxar a orelha e dizer que você tem que economizar de qualquer jeito. É para você sentar em família e tentar organizar. Na verdade esse planejamento é um administrador de sonhos. É mostrar que você pode se organizar, independe do quanto você ganha”, pontua o profissional, que também é superintendente do Conselho.
Uma das principais contribuições da cartilha é a introdução de ferramentas práticas para o controle financeiro. A publicação apresenta planilhas simplificadas que podem ser impressas e utilizadas por qualquer pessoa, independentemente de seu nível de conhecimento em finanças. Essas planilhas servem como instrumentos eficazes para organizar e visualizar as finanças de maneira clara, permitindo que o usuário acompanhe suas receitas e despesas de forma detalhada.
A cartilha propõe ainda que cada família dedique um momento semanal ou mensal para revisar suas finanças, utilizando a planilha para registrar todas as entradas e saídas de dinheiro. Essa prática, simples na execução, pode gerar um impacto significativo na saúde financeira do lar, ajudando a identificar gastos supérfluos e a reavaliar prioridades. Outro ponto explorado no documento é o conceito de autodiagnóstico financeiro.
O autodiagnóstico é o primeiro passo para a elaboração de um plano de ação que permita a correção de possíveis desequilíbrios financeiros. A cartilha sugere que, após essa análise, os indivíduos busquem alternativas para cortar gastos desnecessários e reavaliem seus hábitos de consumo. O objetivo é que cada pessoa tenha uma visão clara de sua situação financeira e seja capaz de tomar decisões informadas que contribuam para a construção de um futuro mais seguro.
Atenção ao crédito
Valério acrescenta que evitar as “armadilhas” do crédito fácil e promover uma cultura de planejamento e controle orçamentário é um passo fundamental para construir saúde financeira. O programa incentiva a prática do planejamento orçamentário, que consiste em prever e organizar as receitas e despesas mensais. “Esse é um hábito essencial para evitar o endividamento excessivo e garantir um futuro financeiro mais estável”, completa o economista.
Nas últimas décadas, o cenário econômico brasileiro experimentou uma ampliação significativa do acesso ao crédito. Produtos como cartões de crédito, cheques especiais e financiamentos de longo prazo para imóveis e veículos tornaram-se amplamente disponíveis para grande parte da população. Contudo, essa facilidade de crédito, embora positiva em muitos aspectos, trouxe consigo um risco considerável: o superendividamento.
Em 2023, quase 80% da população brasileira estava endividada. A maioria desses endividamentos estava relacionada ao uso indiscriminado do crédito e à falta de um planejamento financeiro adequado.
Acesse a cartilha
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