Grupos da cena do rock do Rio Grande do Norte emitiram uma nota contra a existência de bandas de black metal neonazistas no estado, levantadas pela organização não-governamental Stop Hate Brasil e divulgadas pela Agência SAIBA MAIS.
No texto, os grupos afirmam que a cena de metal do RN é formada também por músicos, progressistas, pessoas negras, nordestinos, gays, pessoas não binárias, com deficiência, descendentes de indígenas e pertencentes às mais diversas minorias, e que adeptos de discursos extremistas são seus inimigos.
Apontam ainda que a cena potiguar não aceita a propagação desses ideais, e que “fazemos parte de uma cena plural, coletiva e diversificada onde nenhum tipo de preconceito é permitido”. Dizem, também, que com “fascismo e nazismo não se discute, se destrói”.
Inicialmente, o levantamento da Stop Hate Brasil apontou a existência de três bandas adeptas ao National Socialist Black Metal (NSBM); posteriormente, uma quarta foi identificada.
O NSBM é um movimento extremista que se utiliza do subgênero musical black metal, surgido nos anos 1990, e é conhecido por suas letras e ideologias associadas à apologia ao nazismo, neonazismo, ao antissemitismo, supremacismo branco, racismo e a apologia à violência racial/étnica.
O relatório não nomeia e nem inclui a lista completa de bandas para evitar promoção involuntária ou publicidade indevida. A Agência SAIBA MAIS teve acesso aos nomes e repassou à Polícia Civil, mas adotou a mesma decisão de não divulgar os nomes completos, apenas as iniciais. A Polícia, por sua vez, se limitou a informar que está acompanhando o caso. As bandas são:
1 – B, de Mossoró*
2 – E.A, de Natal
3 – W, de Natal
4 – P.C, de Parnamirim
* A identificação das cidades foi feita com base no site The Metal Archives, que mapeia bandas do cenário
Black Metal não pode ser reduzido à supremacistas, dizem pesquisadores
De acordo com Michele Prado e Ricardo Penteado, os pesquisadores que conduziram o levantamento, o Black Metal, como subgênero multifacetado e culturalmente significativo, não pode ser reduzido ou sequestrado por uma subcultura extremista que busca transformá-lo em veículo de intolerância, extremismo e violência.
“O Black Metal é muito mais amplo e diversificado, incluindo bandas ativamente antifascistas que combatem as ideologias extremistas e discursos de ódio dentro da própria cena, como o movimento RABM (Red and Anarchist Black Metal)”, apontam.
Leia a nota completa:
No último domingo (26/01/2025), foi exibido no programa Fantástico, da emissora Globo, uma matéria que revela a rede nacional (e internacional) de bandas nazistas pertencentes ao subgênero NSBM (Nacional Socialism Black Metal). O relatório feito pelo grupo Stop Hate Brasil escancara como funciona o esquema de divulgação, shows, merchandising, propagação e disseminação do discurso de ódio através da música. No relatório, o nosso Estado — Rio Grande do Norte — foi citado. Aponta-se que existem no mínimo três bandas neonazistas em nosso território.
Diante desse cenário, tornamos público o nosso desprezo por essas bandas. Como músicos, progressistas, pessoas negras, nordestinos, gays, não binários, pessoas com deficiência, descendentes de indígenas e pertencentes às mais diversas minorias, deixamos aqui um recado claro para todas as bandas extremistas: vocês são os nossos inimigos!
A cena do RN não aceitará de forma alguma a propagação dos seus ideais. Vocês e o seu público não serão bem-vindos em nenhum lugar onde estivermos. Fazemos parte de uma cena plural, coletiva e diversificada onde nenhum tipo de preconceito é permitido.
Estamos cientes da existência de vocês e estamos aqui para que vocês continuem na obscuridade. Não iremos permitir que a ideologia racista se propague no underground.
Essas bandas nunca somaram e nunca fizeram parte da nossa coletividade, e assim permanecerá. Continuarão reservados à sua própria e inútil existência, enquanto nós aqui continuaremos proliferando uma cena progressista, antifascista e combativa.
Fascismo e nazismo não se discute, se destrói.
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