Trabalhador que recebe piso nacional já compromete, em média, 61% do rendimento para comprar os produtos da cesta
O preço da cesta básica de alimentos aumentou em abril em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), pelo segundo mês consecutivo. De março para abril, as altas mais expressivas ocorreram em Campo Grande (6,42%), Porto Alegre (6,34%), Florianópolis (5,71%), São Paulo (5,62%), Curitiba (5,37%), Brasília (5,24%) e Aracaju (5,04%). A menor variação foi observada em João Pessoa (1,03%). Natal teve crescimento de 3,48%: agora a cesta básica custa R$ 595,37 na capital potiguar.
Segundo a pesquisa, São Paulo foi a capital onde a cesta básica teve o maior custo (R$ 803,99), seguida por Florianópolis (R$ 788), Porto Alegre (R$ 780,86) e Rio de Janeiro (R$ 768,42). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das demais capitais, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 551,47) e João Pessoa (R$ 573,70).
Na comparação com abril do ano passado, todas as capitais pesquisadas tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 17,07%, em João Pessoa, e 29,93%, em Campo Grande.
Salário mínimo
De acordo com a pesquisa, o trabalhador que recebe um salário mínimo (R$ 1.212) comprometeu em média 61% do rendimento para comprar os produtos da cesta, mais do que em março, quando o percentual foi de 58,57%. Em abril de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 54,36%.
A pesquisa mostrou ainda que o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 6.754,33, ou 5,57 vezes o mínimo de R$ 1.212,00 em abril de 2022. Em março, o valor necessário era de R$ 6.394,76, ou 5,28 vezes o piso mínimo. Em abril de 2021, o valor do mínimo necessário era de R$ 5.330,69, ou 4,85 vezes o mínimo vigente na época, de R$ 1.100.
Produtos
Entre os produtos cujo preço aumentou em todas as capitais estão:
• Óleo de soja — As variações oscilam entre 0,5%, em Vitória, e 11,34%, em Brasília;
• Pão francês — Com as altas mais expressivas em Campo Grande (11,37%), Aracaju (9,7%) e Porto Alegre (7,07%);
• Farinha de trigo — Destaque para Belo Horizonte (11,08%), Porto Alegre (10,07%) e Brasília (9,54%);
• Leite integral — Teve os maiores aumentos em Florianópolis (15,57%), Curitiba (14,15%), Porto Alegre (13,46%) e Aracaju (11,31%);
• Manteiga — Elevações variaram entre 0,61%, em Fortaleza, e 6,92%, em Curitiba; e
• Batata — Taxas entre 14,63%, em Porto Alegre, e 39,1%, em Campo Grande.
Já os preços que aumentaram em 16 capitais foram os da farinha de mandioca, com as maiores variações em Natal (7,76%) e Fortaleza (3,73%), com a única queda ocorrendo em João Pessoa (-1,57%); o arroz agulhinha teve altas que oscilaram entre 0,17%, em João Pessoa, e 10,24%, em Curitiba, com retração em Campo Grande (-2,70%); o quilo do café em pó subiu significativamente em Aracaju (7,58%), Florianópolis (4,67%), Belo Horizonte (3,74%) e Fortaleza (3,74%). A única capital onde não houve elevação foi em Vitória (-2,73%).
Em 15 capitais o feijão teve aumento de preço, com as taxas do carioquinha em alta em todas as capitais onde é pesquisado e com variação entre 3,86%, em João Pessoa, e 11,89%, em Belém. Já o preço do feijão-preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, diminuiu em Vitória (-2,68%) e Florianópolis (-2,2%) e subiu em Porto Alegre (2,51%), Curitiba (2,44%) e no Rio de Janeiro (0,57%).