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Chegada de drogas sintéticas coloca autoridades em alerta

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A chegada de duas novas drogas sintéticas no Brasil têm deixado autoridades em saúde e segurança pública em estado de alerta. As chamadas drogas K,  conhecidas como K2, K4, K9, K12 e Spice surgiram em laboratórios no início dos anos 2000 e têm como base os canabinoides sintéticos, trazendo uma série de efeitos no corpo humano, desde desmaios, convulsões, ansiedade excessiva, alterações comportamentais e agressividade. Além dessas drogas sintéticas, a apreensão de cápsulas de Fentanil em Manaus, droga 50 vezes mais forte que heroína, ligou o alerta nas autoridades nacionais. Ainda não há relatos da chegada dessas substâncias tampouco apreensões no Rio Grande do Norte, mas autoridades policiais têm acompanhado as informações.

Para especialistas em saúde mental ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE, os riscos relacionados ao consumo de drogas sintéticas são diversos, uma vez que essas substâncias são feitas para apresentarem efeitos superiores às drogas já disponíveis no mercado. No caso das substâncias K2, K4 e K9, por exemplo, o efeito se assemelha ao promovido pela maconha em uma potência de 100 vezes maior que a substância natural. 

Entre os efeitos no corpo humano estão sintomas como vômito e salivação excessiva; sonolência, desorientação; dificuldade de respirar; desmaios, convulsão; sinais evidentes na boca ou na pele decorrentes de contato ou ingestão da substância substâncias químicas ou plantas tóxicas; lesões, queimaduras ou vermelhidão na pele, boca e lábios; alterações súbitas do comportamento ou estado de consciência; ideações suicidas; paranoia; delírios; alucinações; agitações; compulsões e pânico. 

“O modo de produção das drogas K contribui para aumento do risco de seu consumo, pois geralmente são feitas em laboratórios clandestinos usando produtos químicos como solventes, mas que não se consegue definir com exatidão as misturas realizadas para que se chegue no efeito desejado. Dessa forma, o usuário entra em contato com substâncias tóxicas que colocam sua saúde em risco e os profissionais de saúde (por não ter conhecimento amplo da substância) tem limitações em oferecer o cuidado necessário”, comenta a psicóloga e membro do Conselho Regional de Psicologia do RN (CRP-RN), Ana Izabel Lima.

Aliado a essas questões, a Polícia tem dificuldades em identificar a droga. Pelo fato de ser uma droga sintética, a distribuição é facilitada por não exigir grandes quantidades de droga e ser pulverizada em chás ou ervas secas. As formas de uso da droga também dificultam a fiscalização, uma vez que essas drogas podem ser enroladas em pequenos cigarros, pipetas,  cachimbos e até cigarros eletrônicos. Alguns usuários chegam ainda a inalar seus vapores ou consumir de forma líquida. 

“Qualquer droga sintética é aprimorada para aumentar o “barato” e quanto maior isso, maior o poder de vício dela. Muitas vezes, por ser sintética, dá para baratear e isso faz com que mais pessoas usem. Por ser mais barato e com esse poder de vício grande, as pessoas em vulnerabilidade vão sofrer com essa dependência” aponta o médico psiquiatra Hugo Sailly Moura Bezerra, vice-presidente da Associação Norte-rio-grandense de Psiquiatria. 

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou que até o dia 26 de abril em 2023 foram registradas 216 notificações de casos suspeitos de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, o nome técnico das drogas K, mais do que o dobro registrado em 2022, 98 notificações. Os números de notificações são tanto da rede pública, quanto da rede privada.

“Os riscos a curto prazo são graves e relacionam-se aos efeitos no momento do consumo, que pode colocar a pessoa em situação de vulnerabilidade pois, a depender da pessoa, esse efeito pode ser de agitação ou sonolência extrema – por isso a relação com “zumbi”. Ao alterar a frequência cardíaca e o apetite (podendo causar desidratação), as substâncias sintéticas K pode levar o usuário a óbito”, acrescenta a psicóloga e membro do Conselho Regional de Psicologia do RN (CRP-RN), Ana Izabel Lima.

A Receita Federal apreendeu, no final de abril, 60 cápsulas de Fentanil no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE) dos Correios de Manaus. As substâncias estavam em uma encomenda que ia para Campo Grande. O Fentanil é a droga que mais mata nos Estados Unidos, sendo 50 vezes mais potente do que a heroína e cerca de cem vezes mais potente que a morfina. Pessoas vagando sem rumo nas ruas e episódios de overdose nas calçadas são alguns dos efeitos nas pessoas.

Essa foi a segunda apreensão da droga sintética na capital amazonense. A primeira havia acontecido no dia 24 de abril, com 180 cápsulas sendo interceptadas pela Receita Federal. 

“O Fentanil é um tipo de medicação sedativa, para dor e injetável. É um opióide, mais forte que a morfina, utilizado em cirurgias normalmente. Essas ampolas devem estar sendo desviadas para um consumo no início recreativo ms que podem dar consequências como a dependência química. Dependendo da dosagem, pode dar alucinações, euforia, acelerações e até risco de morte por conta de uma arritmia cardíaca”, explica o médico psiquiatra Gustavo Fernandes Xavier, membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CFM.

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