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China alcança força nuclear dos EUA e da Rússia em 2035, diz Pentágono

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Se a China mantiver seu ritmo atual de produção de armas e infraestrutura nucleares, daqui a 12 anos terá 1.500 ogivas

A China poderá ter um arsenal de ogivas nucleares semelhante ao das duas superpotências atômicas, Estados Unidos e Rússia, em 2035.
A estimativa foi feita pelo relatório anual do Pentágono ao Congresso americano, divulgado nesta terça 29. Ele cobre as atividades militares da principal rival estratégica de Washington até dezembro de 2021 e serve para orientar políticas americanas no setor.

Segundo o texto, se a China mantiver seu ritmo atual de produção de armas e infraestrutura nucleares, daqui a 12 anos terá 1.500 ogivas. O Pentágono vê os chineses com 400 ogivas hoje, algo acima das 350 estimadas pela referencial FAS (Federação dos Cientistas Americanos, na sigla em inglês).

O tom alarmista visa sensibilizar congressistas na hora de avaliar prioridades orçamentárias, claro, mas está em linha com que vem se observando nos últimos anos.
O relatório não especifica, mas especialistas acreditam que Pequim só tenha armas estratégicas, aquelas para serem usadas para determinar o rumo de uma guerra, não táticas -para emprego pontual no campo de batalha, usualmente menores e menos potentes.

Elas não estão prontas para uso: a doutrina chinesa deixa as ogivas separadas de seus meios de emprego, com mísseis intercontinentais, bombardeiros ou submarinos, até a hora de alerta.
Segundo os limites do tratado Novo Start, em vigor desde 2011, os herdeiros da Guerra Fria mantêm um arsenal operacional, pronto para emprego: a FAS conta 1.644 bombas estratégicas americanas e 1.588 russas. Além disso, Moscou tem 2.884 armas em estoque, ante 1.964 americanas.

A China não faz parte do tratado, cuja renegociação de termos entre russos e americanos voltou à estaca zero, segundo informou o Kremlin. A Rússia alega que os EUA têm dificultado as conversas como retaliação pela invasão da Ucrânia.

Durante o governo de Donald Trump (2017-2021), os EUA se retiraram de outros dois acordos que visavam garantir segurança mútua no campo das armas nucleares e quase deixaram o Novo Start, que iria expirar em 2021, caducar.

Um dos principais argumentos da gestão republicana é que os acordos atuais refletiam a realidade da Guerra Fria e deveriam incluir a China, rival dos EUA na versão 2.0 da contenda mundial. A esta altura, contudo, mais de 90% das 13 mil armas nucleares do mundo estão nas mãos russas e americanas -contando aí estoques aposentados (1.500 de Moscou, 1.720 dos EUA).

O Pentágono manteve a projeção anunciada no ano passado, de uma China com mil ogivas já em 2030. O relatório também avalia a expansão militar chinesa, particularmente no campo naval -embora não esteja coberto pelo texto, o lançamento neste ano do porta-aviões Fujian, o terceiro da frota de Pequim, chama a atenção.

Os chineses têm, numericamente, a maior frota naval do mundo, com 320 embarcações. Só que os EUA são muito superiores do ponto de vista técnico e de doutrina, até porque têm experiência vasta em guerra real, algo inexistente para a ditadura comunista.

O relatório também avalia o cerco crescente a Taiwan, ilha autônoma qualificada de rebelde pelo regime de Xi Jinping. Diferentemente do que dizem os militares em Taipé, contudo, o Pentágono não vê risco iminente de invasão por parte da China continental.

A crescente cooperação militar com a aliada Rússia, protagonista na Guerra da Ucrânia a partir de fevereiro, é notada no texto, assim como o avanço chinês no campo das armas hipersônicas. Bastante tempo é gasto no relatório com as motivações políticas de Pequim na área militar.

“Em 2021, a China empregou instrumentos diplomáticos múltiplos para tentar erodir a influência dos EUA e aliados, como enfatizar a retirada americana do Afeganistão e criticando parcerias de segurança lideradas pelos EUA como o Quad [com Austrália, Índia e Japão] e o Aukus [pacto militar com os australianos e britânicos]”, afirma o texto.

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