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Cinco ações de Torres na SSP-DF que devem ser questionadas hoje na CPI

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O evento político mais aguardado desta quarta-feira (8/8) é a oitiva de Anderson Torres na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional. Ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ele terá que se defender de acusações de parlamentares a respeito de possíveis omissões ou até participações em eventos que desencadearam no fatídico 8 de janeiro.

Na oitiva, que acontece a partir das 9h, as ações de Torres enquanto secretário da SSP-DF devem ser alvo dos membros da CPMI. Entre elas, cinco já estão na mira de opositores do bolsonarismo. Os principais questionamentos serão a respeito da viagem do ex-chefe da Segurança Pública do DF, na noite da sexta-feira (6/1), quatro dias depois de assumir a pasta e dois dias antes do atentado contra a Democracia.

Transição

O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro voltou para a SSP-DF após o agora ex-presidente aliado perder as eleições. Anderson Torres levou com ele para a esfera local alguns nomes com quem trabalhou no governo federal, promovendo trocas em cargos relevantes na Secretaria de Segurança Pública da capital federal. Essa é a segunda ação que está na mira da CPMI.

A Secretaria Executiva e a Subsecretaria de Inteligência, por exemplo, receberam, respectivamente, Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça, e Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do mesmo órgão. Fernando foi criticado no 8 de janeiro por ter enviado, uma hora antes das invasões, um áudio ao governador Ibaneis Rocha (MDB) dizendo que o movimento estava tranquilo.

Marília eximiu as forças de inteligência de qualquer culpa pela tentativa de golpe, ressaltando que a subsecretaria que ela comandava alertou sobre o perigo das manifestações em “frações de inteligência”, documentos com informes momentâneos do movimento dos manifestantes antes do dia 8.

O papel de Anderson Torres naquele período de transição é o terceiro ponto que deve ser levantado na CPMI. O próprio secretário executivo dele na época admitiu que o chefe da SSP em janeiro viajou sem deixar “nenhuma orientação específica” sobre os atos.

“Ele tinha me demandado a questão dessa operação dos dias 7, 8 e 9. Me apresentou o Protocolo de Ação Integrada, que reúne as ações das forças policiais, e disse que deixaria assinado, mas não me deixou nenhuma orientação específica. Ele disse: ‘Vou assinar e se precisar do senhor, irei demandá-lo’”, declarou Fernando, na CPI em andamento na Câmara Legislativa do DF.

Documento assinado

Esse protocolo, inclusive, promete render questionamentos na CPMI. Como o Metrópoles mostrou, na reunião fundamental para traçar os planos e ações específicas para o 8/1, ocorrida em 6 de janeiro, no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), da Secretaria de Segurança Pública, o então secretário, Anderson Torres, não estava.

Foi naquele dia que o Protocolo de Ações Integradas (PAI) foi produzido. A lista dos 15 presentes tem cinco integrantes de forças federais, como a Secretaria de Polícia do Senado, a Coordenação de Segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) e a segurança do Ministério de Relações Exteriores (MRE). Após a elaboração do PAI, Anderson Torres aprovou e assinou o documento.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), em uma manifestação pela manutenção da prisão preventiva do ex-secretário, em fevereiro, citou essa aprovação. “Como chefe da pasta da Segurança Pública distrital, Anderson Gustavo Torres aprovou o Protocolo de Ações Integradas nº 02/2023 da SSP/DF. […] Ele estava plenamente ciente e consciente da possibilidade de ‘tomada de Poder’ e invasão ao Congresso Nacional.”

Acampamento

Por fim, a CPMI deve levantar as possíveis omissões do depoente em relação à manutenção do acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. A SSP-DF vinha tentando acabar com a mobilização criminosa durante os últimos meses de 2022, mas não promoveu nenhuma operação na área nos primeiros dias de 2023.

Torres chegou a se reunir, 48 horas antes dos ataques, com Gustavo Henrique Dutra de Menezes, general do Exército que chefiava o Comando Militar do Planalto (CMP) no dia do atentado contra a democracia. O registro da reunião foi obtido pelo Metrópoles e mostra o encontro às 10h do dia 6 de janeiro, uma sexta-feira, na sala de reuniões da Secretaria de Segurança Pública.

Denúncias colhidas pela CPI da Câmara Legislativa do DF e relatos feitos na Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal apontam que o general Dutra foi responsável por impedir ações contra os bolsonaristas no QG. Uma semana após os atos terroristas de 8/1, o Exército demitiu Dutra do cargo. Após a reunião, o então chefe da SSP viajou.

Fonte: Metrópoles

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