O Campeonato Potiguar vai contar com 16 datas para ser realizado, mas a nova formatação da competição, dividindo os oitos clubes em dois grupos de quatro, irá permitir que a disputa transcorra de uma forma mais célere na temporada de 2023. A extinção dos turnos que ocupavam juntos 18 datas, permitiu que a competição fosse condensada a ponto de um clube realizar, no mínimo, oito partidas na temporada. Apenas o campeão e o vice vão realizar os 16 jogos.
Se o novo formato caiu nas graças de equipes como ABC e América, que além da competição local vão dividir a atenção no mesmo período com a disputa da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil, para os clubes de menor investimento foi ligado um sinal de alerta. Quem levantou a voz contra o novo modelo, por acreditar que vai prejudicar os representantes do interior foi Danniel Morais, gestor do Potyguar de Currais Novos.
O dirigente do tricolor currais-novense, ressaltou que isso irá implicar na negociação contratual com os atletas, que vai se tornar um contrato de risco e salienta que não acha justo realizar todo um planejamento correndo o risco de ver o time realizar apenas oito partidas oficiais em um ano.
“Nós agora teremos de refletir e programar alguns pontos do nosso planejamento. Estávamos trabalhando com a possibilidade de participar de uma competição mais alongada, mas a FNF colocou algumas dificuldades em manter o formato de disputa realizado nos últimos anos e iremos programar as nossas questões de marketing, bem como de planejamento técnico que interfere diretamente na programação da pré-temporada. Estamos vendo isso como uma dificuldade a mais, porém sabemos que na vida, nada vem fácil, ser um clube de pequeno investimento no RN torna a questão ainda mais complicada, mas estamos dispostos a nos reinventar e construir um Potyguar-CN forte visando chegar nas finais e representar bem a nossa região”, ressaltou o dirigente.
Danniel Morais está bem preocupado com o plano de marketing, que vinha sendo montado levando em consideração a participação em 16 partidas.Aliado a essa questão existe o processo de uma parceria com a qual pretende trazer atletas de fora do estado e não sabe se os mesmos vão querer chegar aqui com o risco de realizar apenas oito jogos. “Apesar de tudo, a gente acredita que vai conseguir reverter toda essa situação. A logística do futebol do interior é um tema muito desafiante, mas estamos dispostos para trabalhar”, disse.
Apenas quem terminar a fase inicial na terceira colocação, irá fazer a quantidade mínima de jogos na competição (8), pois os dois primeiros de cada grupo irão para segunda fase formando um quadrangular onde todos irão se enfrentar em jogos de ida e volta (16), os competidores que terminarem nas duas primeiras colocações vão fazer a final em confrontos de ida e volta também. Os dois últimos colocados dos grupos A e B farão um duelo extra para saber quem será o rebaixado da temporada, essa disputa será realizada também com jogos de ida e volta, fazendo os clubes acumularem dez partidas ao final das suas participações.
Uma questão que deve amenizar os problemas levantados por Danniel Morais, com relação aos atletas, é que os clubes classificados para o quadrangular poderão aproveitar atletas daqueles representantes que não obtiveram classificação. O dirigente do Santa Cruz, Lupercio Segundo, fez a questão constar do regulamento.
Márcio Mossoró, representante do Potiguar, disse que foi pego de surpresa com a reviravolta provocada no modelo de disputa da competição entre o primeiro e o segundo encontro realizado na FNF. Vamos enfrentar alguns problemas em relação aos contratos, principalmente em relação ao tempo que eles devem durar devido ao calendário curto.
“Quando Lupercio Segundo me ligou e falou da ideia de nova formatação, não consegui entender bem como seria, mas na reunião fomos convencidos e entendemos que essa é a melhor fórmula para gente disputar o Estadual. Porém temos de entender as necessidades da FNF em relação ao calendário que será curto, mas bem mais competitivo que os demais anos, será um torneio de tiro curto e esperamos realizar uma grande competição”, disse Márcio.
O ex-atleta destaca que como vai disputar a Série D, o Potiguar não vai enfrentar os mesmos problemas que os demais representantes do interior, por contar com um calendário mais completo, a meta é dar prioridade ao Campeonato Potiguar, fazendo o clube de Mossoró voltar a ser uma força local, antes de buscar colher bons frutos na Série D do Brasileirão. O Potiguar também vai disputar a pré-Copa do Nordeste, onde vai encarar o CSA, em Alagoas, em busca de uma vaga na fase de grupos da competição.
ABC e América elogiam novo formato
Se existem motivos de reclamações dos clubes de menor investimento, para os dois maiores clubes do RN a saída encontrada para realização do Campeonato Potiguar num espaço menor de tempo foi bem recebida. O vice-presidente de futebol do ABC, Gustavo Cartaxo, se mostrou satisfeito com a diminuição do número de datas, reforçando que nesta primeira parte do calendário do futebol a equipe alvinegra vai participar de três competições importantes de forma simultânea. O treinador Leandro Sena, classificou a alteração como “interessante e que vai ser bastante atrativa”.
“Acho que foi encontrada uma boa solução levando em consideração os problemas de datas que a FNF vem encontrando. A mudança tornou a competição atrativa com o enfrentamento de um grupo contra o outro e a classificação de dois clubes de cada lado para o quadrangular na segunda fase. Vai ser uma competição bem aberta em termos de possibilidades”, afirmou Sena.
Pelo lado abecedista, o principal fator foi a diminuição dos confrontos, uma vez que o clube terá de entrar em campo muitas vezes na retomada do calendário do futebol.
“Nossa solicitação era que o nosso campeonato chegasse ao fim antes do início do Brasileirão, para evitar atrapalhar o nosso planejamento para disputa da Série B. Nós iremos montar um elenco com 32 atletas, juntando os representantes das nossas bases e acreditamos que com essa quantidade iremos suportar os primeiros meses”, frisou.