O presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu a equipe econômica na última semana ao antecipar o debate sobre a reformulação da tabela do Imposto de Renda.
A orientação era deixar o debate para o ano que vem, sobretudo após a perspectiva de cumprimento da meta de déficit zero neste ano.
A ideia era aproveitar a sinalização positiva ao setor produtivo para sugerir a taxação dos super ricos para aumentar a faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil.
Em meio ao resultado insatisfatório da esquerda na campanha municipal, o presidente, porém, antecipou o debate.
Na sexta feira (11), em uma entrevista à rádio O Povo/CBN, Lula afirmou que o aumento da isenção deve ser compensada pelos ricos.
“O que nós queremos é isentar aquelas pessoas até R$ 5 mil e no futuro isentar mais, porque na minha cabeça a ideia é que salário não é renda. Renda é o cara que vive de especulação, esse sim deveria pagar imposto de renda”, disse o presidente.
Segundo aliados do petista, a fala teve objetivo eleitoral. Ou seja, fazer uma sinalização à classe média em um segundo turno em que o PT disputa treze prefeituras.
A antecipação do debate, no entanto, causou mal-estar na equipe econômica. A avaliação é de que um debate sobre a taxação dos ricos deveria ser feito em um cenário mais favorável ao governo federal.
Como, por exemplo, diante da confirmação, no início do próximo ano, de um crescimento econômico acima do esperado para 2024.
Apesar do mal-estar na equipe econômica, a avaliação no Palácio do Planalto é de que o presidente ajuda a diluir resistências à iniciativa em longo prazo.
A estratégia é de que o tema comece a ser discutido agora, chegue ao conhecimento da classe média e arregimente apoios desde já em parcela da sociedade.
O que pode facilitar uma aceitação do Congresso Nacional quando a iniciativa for apresentada no primeiro trimestre de 2025, como pretende a equipe econômica.
A ampliação da faixa de isenção do IR e a taxação dos mais ricos são promessas de campanha do presidente.
A isenção até R$ 5 mil também foi prometida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que não a cumpriu durante seu mandato.