Pelo menos três cinemas de Natal continuam a exibir o filme “Ainda Estou Aqui”: o Cinemark (Shopping Midway Mall), o Cinépolis (Natal Shopping) e o Cineflix (Partage Norte Shopiing).
Nesta quinta (23) o longa recebeu três indicações ao Oscar 2025, a de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernand Torres). Essa é a primeira vez que um filme brasileiro vai concorrer na categoria principal do Oscar.
“Fico surpreso, no bom sentido, que o investimento feito na campanha desse filme tenha surtido esse efeito, obviamente, junto com a qualidade técnica e artística do filme, além da importância do tema”, analisa o diretor de cinema Pedro Fiuza.
Lançado em novembro de 2024, “Ainda Estou Aqui” tem batido recorde de público e de tempo de permanência em cartaz para um filme nacional.
“Para fazer uma campanha desse tipo é preciso investimento e para a felicidade do filme, não falta para o Walter Salles. Óbvio que existe uma distância muito grande entre o cinema que ele faz e o cinema que a gente produz aqui no Rio Grande do Norte e essa distância está, justamente, no investimento que a gente não tem”, destaca Fiuza.
Na categoria de Melhor Filme, “Ainda estou aqui” vai concorrer com Anora”, “O brutalista”, “Um completo desconhecido”, “Conclave”, “Duna: Parte 2”, “Emilia Pérez”, “Nickel boys”, “ A substância” e “Wicked”.
Na disputa pela estatueta de Melhor Filme Internacional, “Ainda estou aqui” (Brasil) disputa o Oscar com “Emilia Pérez” (França), “Flow” (Letônia), “A Garota da Agulha” (Dinamarca) e “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha).
Já Fernanda Torres vai concorrer na categoria Melhor Atriz com Mikey Madison (“Anora”), Demi Moore (“A substância”), Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”) e Cynthia Erivo (“Wicked”).
“Fico muito feliz, primeiro porque gosto da obra, segundo porque é muito importante termos esse tamanho e darmos essa visibilidade para o tema da ditadura para que não a esqueçamos, colocar o assunto nesse lugar de destaque midiático. Além disso, também se produz ‘soft power’ (termo em inglês para se referir à indústria criada em torno da cultura) para o Brasil a partir do momento que a gente consegue chegar com um filme nosso nesse lugar de prestígio que é o Oscar, a maior premiação do mundo. Acho que é muito interessante que a gente tenha esse retorno para o cinema brasileiro e que a gente aproveite a sociedade estar falando do cinema nacional por tudo que já mencionei… pelos temas, documentação da nossa história”, defende Pedro Fiuza.
A cerimônia do Oscar 2025 está marcada para ser realizada no dia 02 de março, em Los Angeles.
“Se fala muito do Oscar, mesmo quando não tem filme brasileiro, mas é legal quando tem porque falamos da premiação, mas com os olhos voltados para o cinema nacional. É muito bom ter a sociedade, para além de quem faz cinema, falando disso. Veja como podemos estar nesses lugares se investirmos em cinema! Todo mundo sai ganhando com uma coisa dessas, mesmo quem não é o Walter Sales, quem não é a Fernanda Torres, quem não fez o filme e nem está inserido naquele mercado de trabalho onde o filme foi feito pode tirar proveito disso e dizer… está vendo como é importante a gente defender o cinema nacional, ir assistir aos filmes nacionais, falar para os gestores investirem em cinema nacional, o mercado privado ser mais aberto a investir no cinema nacional”, defende o cineasta.
Dois filmes e uma mesma lição
Pedro Fiuza esteve na produção do filme Sideral, curta-metragem potiguar que concorreu na mostra competitiva do aclamado Festival de Cannes, na França, em 2021.
O filme também entrou na lista dos pré-indicados ao Oscar de 2023, mas não chegou a ficar entre os cinco finalistas.
“Quando fizemos a campanha de Sideral vimos que, além do investimento feito na produção do filme, a gente tem que investir na distribuição do nosso cinema, investir nos filmes brasileiros que têm capacidade de levar esse ‘soft power’. É como deveríamos investir no esporte! O filme indo para o Oscar é como mandar um atleta para as olimpíadas, quanto mais você investir a longo prazo na formação desse atleta, melhor, e investir também na ida desses atletas para esses lugares porque a campanha para o Oscar é um outro investimento muito necessário. Sentimos isso na pele com Sideral, que era outro formato de filme, em outro contexto, mas que talvez nos mostre a mesma lição”, conclui Fiuza.