Três funcionárias do Cei (Centro de Educação Infantil) Caroline Amorim, em Petrópolis (RJ), foram indiciadas pela morte de Maria Thereza Vitorino Ribeiro, de 1 ano, após ela engasgar com um pedaço de maçã em maio.
A diretora Luciana Zillig e mais duas professoras, identificadas como Letícia e Vanessa, foram denunciadas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. De acordo com a Polícia Civil, houve negligência no caso, porque as profissionais não tinham conhecimento técnico e nem emocional para lidar com a situação.
“Se tivesse sido prestado um socorro rápido, eficiente, isso com certeza aumentaria as chances de sobrevida de Maria Thereza”, disse o delegado da Polícia Civil João Valentim dos Santos Neto em entrevista ao “Fantástico” (TV Globo) de ontem (3). Segundo o inquérito, as funcionárias demoraram 14 minutos para levar a criança à unidade de saúde.
Maria Thereza morreu de asfixia causada por broncoaspiração —entrada de um “corpo estranho” pelas vias aéreas, obstruindo o fluxo de ar e de oxigênio.
O que fazer em casos de engasgo?
Engasgo pode mater. Estima-se que, anualmente, aconteçam cerca de 3.000 mortes no Brasil. Trata-se da incapacidade ou dificuldade de respirar causada por um bloqueio na garganta ou traqueia. A maioria das vítimas é criança, mas muitos adultos e idosos também fazem parte desta triste estatística.
Se uma criança (ou adultos e idosos) engolir moeda, brinquedos ou qualquer objeto, não provoque vômitos. Esse método não é recomendado, pois ela pode aspirar o vômito, engasgar e não conseguir respirar. Nesse tipo de acidente, primeiro verifique se a pessoa continua respirando normalmente. Se estiver, a orientação é levá-la para um atendimento médico.
No entanto, se ela estiver respirando com dificuldade leve-a imediatamente ao hospital. Se a criança parou de respirar e não consegue falar ou chorar, trata-se de um caso grave de obstrução da via respiratória, que é uma emergência em que os próprios pais ou quem estiver com a criança terão que agir rapidamente.
“Quando a criança tem mais de um a dois anos, a manobra de Heimlich é a mais indicada. A gente abraça a criança pelas costas, e dá um aperto súbito por baixo das costelas que os braços estão, deslocando a via aérea para cima. E daí, provavelmente, o objeto vai ser expelido nessa manobra”, explica Fernanda Minafra, professora do departamento de pediatria da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Segundo a especialista, em menores de um ano a técnica é diferente: “Deve-se apoiar a criança na nossa perna e colocar a cabecinha um pouco mais para baixo da altura da perna, com a barriga virada para baixo e fazer cinco compressões nas costas da criança. E daí, logo em seguida, vire a criança e a coloque de frente e faça cinco compressões no externo, que é esse osso da frente do tórax. E vai alternando isso até que a criança reaja”, completa Minafra.
Ainda de acordo com os especialistas, é muito comum as crianças engolirem objetos estranhos sem que os pais percebam e a única forma de saber o que houve é a manifestação dos sintomas que, geralmente, são salivação excessiva ou com sangue, tosse, febre, recusa alimentar, irritabilidade, vômitos e por aí vai.
Nesta situação, a criança deve ser levada ao hospital para que o objeto seja identificado e os médicos definam qual melhor procedimento. “Baterias e pilhas têm substâncias corrosivas e podem ser altamente lesivas para o organismo de uma criança. Então tem que procurar um atendimento”, diz a médica.