Essa é a primeira manifestação religiosa de grande porte depois do reconhecimento da festa como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio Grande do Norte.
Após dois anos de restrições impostas pela pandemia de covid-19, milhares de pessoas percorreram as ruas do centro de Currais Novos em homenagem a Nossa Senhora Sant’Ana, padroeira da cidade, nesta terça-feira (26).
Além da demonstração de religiosidade e da alegria de rever parentes e amigos que moram longe, a festa fomenta a economia da cidade e estimula a solidariedade. A paróquia montou um ponto de arrecadação de alimentos para doar às famílias carentes. “Pão em Todas as Mesas” foi o tema levado à reflexão pela igreja este ano.
História
Na maioria dos municípios nordestinos, as manifestações de fé estão vinculadas às dificuldades enfrentadas no passado por donos de terras, relacionadas à saúde da família e às secas. O inverno é fundamental para a sobrevivência da população e da economia do semiárido.
A origem da Igreja Matriz de Currais Novos tem o viés das águas. Registram os historiadores que o Coronel Cipriano Lopes Galvão, preocupado com a falta de chuvas em 1755, prometeu erguer uma capela em louvor à Sant’Ana, caso chovesse o bastante para escapar o gado de sua fazenda. Na mesma noite, a água da chuva desceu pelos rios e riachos, enchendo os poços pelo caminho.
O fazendeiro morreu em 1764, cabendo a um de seus filhos construir a capela, concluída em 1808. O templo foi demolido 80 anos depois para dar lugar à atual Matriz de Nossa Senhora de Sant’Ana, uma das mais belas igrejas do Seridó.
Realizada há mais de dois séculos, desde a inauguração da capela em 1808, a procissão é o ponto alto das homenagens a Sant’Ana em Currais Novos.