O preço do óleo diesel bateu um recorde histórico e superou a gasolina pela primeira vez em 18 anos, desde que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) começou a fazer a pesquisa semanal de preços nos postos, em 2004.
Em Natal, o preço máximo encontrado no período entre 19 e 25 de junho foi de R$ 8,40 para o diesel S10, enquanto o preço médio ficou em R$ 8,268. Já a gasolina comum teve maior valor por R$ 7,90 e o preço médio bateu R$ 7,966 no mesmo período.
O aumento ocorre pela alta dos preços internacionais dos combustíveis e a disputa pelo barril do diesel no mercado internacional. Um dos motivos é a guerra no Leste Europeu. Segundo Ricardo Valério, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), o componente que pode explicar o crescimento dos preços é a lei da oferta e procura.
No último dia 17, a Petrobras aplicou reajuste para os combustíveis nas suas refinarias. A gasolina subiu 5,18%, e o diesel teve reajuste de 14,26%. Nesta segunda-feira (27), o Conselho da estatal elegeu Caio Mário Paes de Andrade como novo presidente. O mandatário substitui José Mauro Coelho, que renunciou no dia 20 depois de ser pressionado pelo governo Jair Bolsonaro por causa da alta dos preços dos combustíveis.
Coopcam-RN teme falta de profissionais no mercado
O diesel é um combustível altamente utilizado por caminhoneiros. Para Valdir Pereira, representante da Cooperativa de Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Norte (Coopcam-RN), há um perigo de faltar profissionais no mercado em breve. “Se o Poder Executivo junto com a Petrobras, não botar um ponto final no que está acontecendo, vai chegar uma hora que o caminhoneiro vai quebrar trabalhando”, reclama.
Ele se vê preocupado com a remuneração dos profissionais. “Hoje, um salário de R$ 3 mil em que o carreteiro passa 40 dias fora da sua casa, fora da sua família, [para] chegar em casa, passar um dia e ter que viajar, não é salário de gente. É salário de fome”.
O motorista, entretanto, não acredita que acontecerá uma greve de caminhoneiros. “Pode parar por automático. Não tem condições de abastecer, e pode parar. Agora parar mesmo [por greve], eu não acredito. Porque se fosse parar já tinha dado para parar pelo preço do óleo. Em 2018, a gente fez greve com o litro do óleo a R$ 3,60”, diz.