O presidente da Argentina, Javier Milei, chegou em viagem oficial a Israel nesta terça-feira (6) onde se reunirá com o presidente israelense, Isaac Herzog, e com o primeiro-ministro, Benjamín Netanyahu. Milei será o primeiro mandatário argentino a visitar Israel em meio ao massacre promovido contra a população palestina, que teve início após os ataques do Hamas em 7 de outubro passado.
Ao chegar a Israel, o presidente argentino prometeu transferir a embaixada argentina de Tel Aviv para Jerusalém, posição que marcaria apoio irrestrito ao governo israelense, já que a cidade também é reivindicada pela Palestina. Ele também deve ressaltar sua condenação aos ataques do Hamas e ratificar seu apoio ao princípio de legítima defesa, utilizado por Israel para justificar o massacre da população palestina.
A viagem de Milei gerou protestos na Argentina, que ocorreram em frente à chancelaria do país em Buenos Aires na segunda-feira (5). “Nestes momentos em que se leva a cabo um genocídio contra o povo palestino em Gaza e um aprofundamento da limpeza étnica na Cisjordânia Ocupada, o presidente da nossa nação se dispõe a apresentar-se no Estado de Israel, dando assim apoio político aos crimes perpetrados pela potência ocupante, ele se torna cúmplice do maior genocídio da era contemporânea”, diz um comunicado divulgado por organizações populares argentinas que organizaram o ato.
Cartilha da extrema direita
O ato simbólico de transferir a embaixada para Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, é pauta comum entre a extrema direita na América Latina e foi uma promessa de campanha do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Embora não tenha concretizado o ato durante sua gestão, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório comercial do governo brasileiro em Jerusalém, durante visita a Israel em março de 2019.
Assim como nas viagens de Bolsonaro a Israel, a agenda do presidente argentino prevê a peregrinação de locais considerados sagrados, como o Muro das Lamentações e o Santo Sepulcro. Acompanham Milei em sua peregrinação a chanceler argentina, Diana Mondino, a secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e Shimon Wahnish, embaixador do país em Israel.
Protesto contra a fome
A Chancelaria não foi o único prédio da administração alvo de prostestos nesta segunda-feira na Argentina. Milhares de pessoas se dirigiram ao Ministério do Capital Humano para formar a “fila contra a fome”, em protesto contra a emergência alimentar provocada pela inflação e os ajustes econômicos promovidos pelo governo de Milei. “Não vou recebê-los porque não os convoquei”, afirmou a ministra Sandra Pettovello.
A manifestação foi uma resposta às falas da ministra na semana anterior, quando um grupo de trabalhadores desempregados se dirigiu à porta do ministério para protestar.”Eu vou atender um a um, os que tem fome, não os representantes (de organizações populares). Vocês estão com fome? Venham um por um e anotarei sua identidade, seu nome, de onde você é, e você receberá ajuda individualmente”, disse a ministra na ocasião, citada pelo jornal argentino Página 12.
Os manifestantes que formaram a “fila da fome” recebem ajuda de refeitórios sociais e cozinhas comunitárias para as quais o ministério de Pettovello decidiu suspender a entrega de alimentos. Parte dessas pessoas tem vínculo com organizações territoriais cujos voluntários passaram a ser perseguidos no governo de Milei.