Nesta semana, vídeo em que homem aparece com fuzil atirando contra desenho de candidato repercutiu.
O empresário Luiz Henrique Crestani, que publicou nas redes sociais um vídeo em que pratica tiro ao alvo contra a imagem de Lula (PT), já havia jogado ovos em um ônibus da caravana do político em 2018.
Além disso, uma ação judicial relacionada a esse episódio, movida pelo empresário contra o candidato e um deputado federal do PT, foi julgada improcedente pela Justiça. Ele recorreu e atualmente o processo tramita no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
Na ação, o empresário pede indenização por danos morais por se sentir ofendido por falas dos políticos durante um comício em março de 2018.
Sobre o processo, a defesa do empresário disse, apenas, que “toda a situação fático-jurídica consta dos autos”. O g1 SC também procurou a defesa do ex-presidente, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Na ação, Crestani diz que acompanhava alguns moradores de Palma Sola, no Oeste catarinense, para uma manifestação contra os políticos do PT, que estavam na cidade. Houve tumulto e objetos foram jogados na caravana.
O empresário diz que tanto Lula quanto o deputado, durante o comício, imputaram a ele e a outros manifestantes o ato de vandalismo.
A Justiça, porém, decidiu em desfavor do autor. Segundo a sentença, o empresário confessou, durante o andamento do processo, que atirou ovos contra o ônibus, “ainda que ressalve que o foi ‘não com o intuito de ferir alguém, mas de demonstrar a indignação com o maior esquema de corrupção já visto no universo'”.
Diante disso, o juiz Daniel Emendorfer escreveu na decisão que “no caso, a manifestação [do autor] não se limitou a ficar à beira da passagem, a expressar dizeres, coros, gritos, levantar cartazes à uma distância segura, mas atingiu o ônibus e seu caminho, de forma agressiva”.
“Ele que optou por levar o embate para a arena das ofensas e estabelecer um diálogo de baixo nível. Mas agora pretende-se melindrado por receber respostas de equivalente qualidade”, completou.
Dessa forma, o empresário foi condenado a pagar honorários de 10% sobre o valor de R$ 50 mil aos advogados do deputado e a mesma quantia aos de Lula. Crestani recorreu e agora o processo tramita em segundo grau.
Vídeo com tiro ao alvo de Lula
A assessoria jurídica do Partido dos Trabalhadores (PT) em Santa Catarina registrou um boletim de ocorrência por ameaça, injúria, calúnia e difamação, nesta quinta-feira (22), contra o empresário.
O chefe da segurança da campanha de Lula também pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar o empresário. Uma análise pericial sobre o vídeo com conteúdo de ameaça acompanha o pedido. O perito que assina o laudo ressalta a influência do empresário nas redes sociais, que conta com “dezenas de milhares de seguidores”.
Nesse boletim de ocorrência feito pela assessoria jurídica do PT, o processo sobre o caso de 2018 é citado, dizendo que o empresário teve uma sentença “desfavorável”.
No vídeo divulgado nas redes sociais, com a legenda “quem é o ladrão”, Luiz Henrique Crestani, que é sócio de um clube de tiro, aparece ao lado da esposa em uma área externa, afastada, escolhida para praticarem tiro ao alvo. Ambos seguram um fuzil.
Em seguida, mostra o que seria o alvo: uma imagem com a caricatura do Lula, apontando uma arma para o desenho de um boneco, que seria a vítima. No vídeo, Crestani ainda diz, aos risos, antes de disparar a arma diversas vezes: “Qual que é o ladrão? Estou na dúvida. Vamos ver onde a arma pega”.
Logo depois, a gravação mostra o empresário atirar várias vezes contra a imagem, que é destruída.
Após a repercussão, na quarta-feira (21), Crestani publicou uma nota afirmando não ser a favor da violência e nem de agressões “a quem quer que seja, prezando sempre pelos valores morais e da família”.
Íntegra da nota
“Eu Luiz Henrique Crestani, considerando a propagação de imagens divulgadas em minha rede social particular, contendo um desenho na prática de tiro, deixo claro que não sou a favor da violência e nem de agressões a quem quer que seja, prezando sempre pelos valores morais e da família.
Este desenho utilizado na prática de clube de tiro está restrito as atividades internas e não deve ser entendido com qualquer outra conotação, sendo apenas usado em caráter recreativo, sem cunho político. Deixo também claro que o local onde o vídeo foi gravado é ambiente controlado, com instrutor de tiro presente e que defendo a prática e uso consciente de armas, mas tudo dentro da legalidade. Por isso, entendendo que o vídeo possa gerar repercussão para além do que foi concebido, já promovi sua retirada das redes sociais.
Por fim manifesto de maneira pública que embora nossa posição política seja antagônica, isto não significa em hipótese alguma que incitamos a prática de atos que desrespeitem os valores legais constituídos em nosso país”.