Exercícios físicos aeróbicos como subir escadas, caminhar, correr, nadar e pedalar são essenciais para manter um coração saudável, de acordo com o médico cardiologista Ormuz Dumont. Contudo, segundo o especialista, a prática dessas atividades deve ser complementada com a musculação responsável.
“Primeiro, é preciso diferenciar atividade física de exercício físico. Tudo que você faça que gaste alguma energia é uma forma de atividade física, mas o exercício físico é quando você organiza isso de forma estruturada, com treinos regulares para poder ganhar um condicionamento físico e ter saúde”, explicou o médico, em entrevista
Para ele, tanto as atividades quanto os exercícios físicos são importantes e devem ser encaixados no dia a dia. “Porque às vezes, mesmo que você faça, não necessariamente o exercício físico, mas atividade física, vai contar para melhorar sua saúde. Um exemplo, você trabalha num prédio e você decidiu que não pegará elevador. Você vai pegar só escada. Está fazendo exercício físico estruturado? Não, mas você está fazendo atividade física e isso vai fazer diferença. É uma coisa dentro da rotina”.
Os benefícios dos exercícios físicos vão além da saúde cardiovascular. “Pode melhorar a resposta à insulina no organismo diabético, baixando a glicose e queimando gordura, além de produzir substâncias para evitar a oxidação do organismo, modulação de apetite, isso tudo numa coisa metabólica. Pode melhorar a pressão e causar menos doenças e problemas cardiovasculares, pode diminuir ansiedade, melhorar o raciocínio, melhorar a confiança, causar maior independência física e maior proteção de articulação”.
O cardiologista destaca a importância de cultivar o hábito de praticar atividades físicas desde a infância, para acostumar o corpo. “Porque quem sustenta o organismo são os ossos e os músculos. Só que, quando você ultrapassa os 30 anos de idade, a importância da musculatura aumenta para aliviar o trauma nos ossos. Se você não tiver músculo, você vai começar a ter problema do joelho, ombro e a famosa hérnia de disco. Tudo isso é causado pela falta de musculatura que sobrecarrega a articulação. Então, isso é importante”, destacou.
Para o cardiologista, em algumas situações, indivíduos buscam praticar exercícios com o objetivo de apenas desenvolver massa muscular, mas os benefícios vão além desse aspecto específico. “Na prática, fazer exercício tem risco? Se você não for bem avaliado, tem. Mas, ao não fazer exercício, o risco de problemas cardiovasculares aumenta muito mais. Então, vale a pena fazer um exercício informal? O melhor é o formal, com um educador físico. Mas, se você só puder praticar atividade física, vale a pena também. Se incluindo na rotina, por exemplo, se puder ir na padaria a pé, ao invés de pegar o carro”, justificou.
Conforme Dumont, ser sedentário é péssimo para todos os âmbitos da saúde de um ser humano. No entanto, é importante não exagerar. “A melhor quantidade de exercício é de leve à moderada. Exercício intenso demais pode também deteriorar a saúde quando você ultrapassa os seus limites. E o grande problema é, principalmente, sofrer uma lesão articular”, alertou.
O cardiologista reforça a indicação de exercícios aeróbicos aliados aos de musculação. A dupla oferece maior proteção para risco de morte por todas as causas, doenças cardiovasculares, câncer e doenças crônicas do trato respiratório inferior. “Do ponto de vista do coração, tudo ajuda, mas os aeróbicos estão em primeiro lugar. Porque ele cria resistência no organismo. Por exemplo, uma pessoa que infartou consegue correr 10 km de maratona desde que se prepare. Mas, um jovem sadio de 20 anos provavelmente vai passar mal correndo 10 km de maratona se ele nunca correu na vida”, afirmou.
Desconsiderar o fortalecimento muscular pode resultar em lesões. “Se esquecer da musculatura, o que é que acontece? Lesão no joelho. Por exemplo, Ronaldo jogou a final da Copa de 2002 sem menisco. Simplesmente era pura musculatura e não tinha um menisco no joelho. Porque a musculatura ia absorver tudo, e ele conseguiu jogar muito bem. O aeróbico é o mais importante para o coração, mas não pode ser o único. Tem que integrar com a musculação”, relembrou Dumont.