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“Deboche”: Família de Drummond reage indignada à “Ordem do Livro” a Silveira

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Nota de familiares do icônico poeta mineiro diz que governo Bolsonaro “envergonha o povo e nos apequena como nação”. Deputado condenado no STF não sabia sequer o que é o Bicentenário da Independência, em resposta à Folha

A família do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores vultos da Literatura Brasileira do século XX, emitiu nesta sexta-feira (1°) uma nota de indignação sobre a decisão da Biblioteca Nacional de conceder a maior comenda da instituição, a Ordem do Mérito do Livro, ao PM-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) uma das figuras mais emblemáticas do radicalismo exacerbado e irracional do bolsonarismo, que inclusive ameaçou agredir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que o condenaram a 8 anos e 9 meses de prisão por sua conduta selvagem. Drummond, que faleceu em 1987, recebeu a mesma medalha em 1985, em meio ao clamor popular pela volta da democracia ao Brasil, nos estertores da Ditadura Militar.

“Em 1985, o escritor Carlos Drummond de Andrade recebeu a Medalha Biblioteca Nacional – Ordem do Mérito do Livro, concedida a intelectuais e autoridades que se distinguiam pelo trabalho em favor da cultura, do conhecimento e do saber. Agora, noticia-se que a comenda será entregue ao deputado Daniel Silveira, condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal por ataques à democracia e a instituições que a legitimam. Diante desse verdadeiro deboche, a família de Carlos Drummond de Andrade vem a público lembrar que o poeta recebeu a homenagem quando a Biblioteca Nacional era dirigida pela escritora Maria Alice Barroso, nome respeitável que honrou e engrandeceu a Casa que também já teve, como diretores, intelectuais do porte de Josué Montello e Affonso Romano de Sant’Anna. Época em que o Brasil era outro, com autoridades que se faziam merecedoras de respeito pela dignidade, pelo decoro e pela conduta ética, mandatários que, diferentemente de hoje, não nos envergonhavam como povo e não nos apequenavam como nação”, diz o texto assinado por seus descendentes, que classificaram a iniciativa como um “deboche”.

Ainda nesta sexta (1°), outros dois indicados ao mesmo prêmio recusaram a honraria, Marco Lucchesi e Antônio Carlos Secchin. Inconformado com a concessão da Ordem do Mérito do Livro a uma figura iletrada, violenta e autoritária, Lucchesi gravou um vídeo explicando porque declinara de receber a medalha.

“Convidado a receber a medalha da Biblioteca Nacional, e estando longe do país, acabo de saber que a mesma medalha será destinada, dentre outros, ao presidente da república e a alguns de seus mais fiéis seguidores. Por isso mesmo, não tenho condições de recebê-la… Se eu aceitasse a medalha seria referendar Bolsonaro, que disse preferir um clube ou estande de tiro a uma biblioteca. Agradeço, mas não posso aceitar”, disse o escritor.

Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo, afirmou que entrou em contato com Silveira para falar da descabida indicação a um prêmio destinado a intelectuais, acadêmicos e escritores míticos da Literatura Brasileira.

“É uma honraria muito grande porque é em homenagem aos 200 anos da… É uma coisa que vale muito a pena… Para mim é muito honroso ter o reconhecimento de lá”, respondeu o deputado federal bolsonarista, que ao não saber qual data comemoramos no 7 de setembro deste ano, o Bicentenário da Independência do Brasil, desistiu de dizer algo sobre o marco histórico.

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