Segundo investigações, o dinheiro tem origem do chamado esquema da “rachadinha”, praticado no gabinete de Flávio quando deputado estadual pelo RJ
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), chamado de 01 por seu pai, o presidente Bolsonaro, fez uso de R$ 3 milhões em espécie para pagar despesas pessoais, funcionários e impostos. A conta bancária de sua antiga loja de chocolates, segundo informações do UOL, registrou alto volume de depósitos em dinheiro vivo sem identificação.
Reportagem da Juliana Dal Piva faz tal revelação a partir de dados que constam das quebras de sigilo obtida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
Investigações apontaram Flávio Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que atuava em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando era deputado estadual. De acordo com investigações realizadas pela Promotoria, estima-se que o desvio tenha movimentado por volta R$ 6 milhões.
Esse alto volume de dinheiro fruto de corrupção é oriundo do chamado esquema das “rachadinhas”, onde os funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro eram obrigados a devolver parte de seus salários, em espécie, ao então deputado.
O MP-RJ descobriu que pagamentos foram feitos com dinheiro em espécie a partir da descoberta de documentos bancários e outras evidências em diversos casos. A investigação também revelou que despesas pessoais eram pagas pelos funcionários do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro.
Como se sabe, a decisão judicial que autorizou o acesso do MP-RJ aos dados financeiros foi anulado em fevereiro de 2021. Neste momento, a Procuradoria-Geral de Justiça refaz a investigação. O senador Flávio Bolsonaro nega todas as acusações.
Foram registrados em cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, o valor equivale hoje a R$ 25,6 milhões.
Não consta nos documentos de compra e venda a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram valores de R$ 986 mil (ou R$ 1,99 milhão em valores corrigidos). Transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA).
Extensa e detalhada reportagem de Thiago Herdy e Juliana Dal Piva no UOL aponta que pelo menos 25 dos imóveis foram comprados em situações que suscitaram investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal.
Neste grupo, estão aquisições e vendas feitas pelo núcleo do presidente, seus filhos e suas ex-mulheres não necessariamente com o uso de dinheiro vivo, mas que se tornaram objeto de apurações como, por exemplo, no caso das “rachadinhas” (apropriação ilegal de salários de funcionários de gabinetes).