“Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”, ponderou Lira, em publicação no Twitter.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), questionou as divergências nos resultados das pesquisas eleitorais. O deputado federal afirmou que “nada justifica” a discrepâncias nos dados e reforçou que “alguém está errando ou prestando um desserviço” com as divulgações.
Em suas declarações, o deputado federal, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), também disse que não se pode permitir manipulações de resultados em pesquisas, porque isso “fere a democracia”.
“Não acusei nenhum instituto de manipular pesquisa. Apenas, como milhares de brasileiros, não entendo tantas divergências de números. Devemos agir dentro da legalidade para evitar manipulações. Quem vestiu a carapuça precisa se explicar”, completou em outra mensagem, ao compartilhar uma notícia da Folha de S. Paulo, responsável pelo Datafolha.
Faltando nove dias para o primeiro turno das eleições 2022, as falas de Lira endossam um posicionamento recorrente entre os candidatos e aliados do presidente, que questionam os resultados das pesquisas de intenções de votos e falam em “DataPovo” como principal parâmetro para medir o desejo do eleitorado. O próprio Bolsonaro voltou a minimizar o resultado dos levantamentos ao longo da semana, após divulgação da pesquisa Ipec, que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 47% das intenções de voto e a possibilidade de vitória do petista no primeiro turno, ante 31% de apoio à reeleição do chefe do Executivo. “Essas pesquisas não valem de nada. Se você acredita em pesquisas, não vou falar contigo”, afirmou mandatário, em resposta ao jornalista Leandro Prazeres, da BBC Brasil.
Os dirigentes de institutos de pesquisas apresentam diferentes explicações para os resultados divergentes, como plano amostral, metodologia e variáveis externas.
Com relação ao plano amostral, o cientista político Leonardo Barreto afirma que é indispensável que a amostragem considerada pelos institutos seja “fidedigna na característica da população”, evitando erros de público alvo. Entretanto, com a não realização do Censo Demográfico em 2020, os institutos utilizam dados de 2010. Ou seja, as atuais pesquisas consideram informações de 12 anos atrás, o que pode causar erros na amostragem e explicar a diferença significativa nos resultados. Já quanto a metodologia, cientista político Alberto Carlos Almeida, também professor da Universidade Federal Fluminense, afirmou à Jovem Pan News que os três métodos de aplicação de pesquisas atualmente utilizados: presencial, por telefone ou via redes sociais, sendo os dois primeiros os mais comuns e que apresentam subdivisões.
Com suas particularidades e lacunas, cada modelo pode influenciar nos dados coletados, privilegiando candidatos com maior força entre eleitores entrevistados presencialmente ou por telefone, por exemplo.
Por últimos, as variáveis externas incluem a ordem das perguntas, acontecimentos do cenário político e social – como a facada, em 2018 -, índices de inflação, variação econômica, campanha política, alta dos combustíveis e até fake news, pontuou Paulo Niccoli Ramirez, cientista político da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Todas as variáveis acabam produzindo diferenças nas pesquisas. Um exemplo disso foi o que aconteceu com Bolsonaro em 2018. As primeiras pesquisas que saíram indicavam ele com poucos votos, cerca de 5%. Depois que ele levou a facada, e o Lula já preso e descartado do processo eleitoral, deu uma alavancada, então esses fatores também contribuem.”