O governo Lula acerta ao implementar medidas para tentar fechar o cerco ao crime organizado, sobretudo ao tráfico de drogas e à milícia. Do ponto de vista de política pública, é uma necessidade. Já no aspecto eleitoral, representa o avanço numa temática dominada pela direita.
A postura mais efetiva do governo federal na área da segurança, contudo, não foi unanimidade no entorno de Lula. Houve quem temesse que o Planalto avocasse para si uma responsabilidade que, na visão de parte da população, é atribuição dos governos estaduais.
Foi o próprio Lula, contudo, quem determinou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que viajasse para estados conflagrados. Dino focou na Bahia; o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, no Rio de Janeiro. A Polícia Federal intensificou operações e já prendeu milicianos e policiais corruptos na capital fluminense.
Pela GLO que será estabelecida, militares só atuarão em locais onde a atribuição já é da União, como portos, aeroportos e fronteiras. No caso da Marinha, a Garantia da Lei e da Ordem se fez necessária para que ela possa atuar em solo, e não apenas na água.
Reaproximação de Lula com militares
A implementação da GLO é vista no governo, também, como uma “demonstração de confiança” de Lula nas Forças Armadas. Um passo importante na reaproximação entre ambos após a passagem de Bolsonaro pela Presidência e o 8 de Janeiro.
Só o tempo medirá o sucesso ou o fracasso da GLO. Mas a busca por protagonismo na segurança pública, exemplificada, por exemplo, no recorde da PF na apreensão de bens e valores de organizações criminosas, dará importante munição a Lula em 2026.
Afinal, o adversário do presidente no campo conservador, seja ele quem for, terá forte identificação com o tema, como nos casos de Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado.