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Lula define escalação final de seus 37 ministérios; veja quem são

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Presidente eleito anuncia nomes de partidos de centro que vão compor a base aliada do governo no Congresso

A três dias da posse, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira os 16 nomes de ministros que faltavam no primeiro escalão do futuro governo. A escalação final só foi definida na véspera, após costuras políticas que desalojaram alguns petistas de pastas para as quais já haviam sido convidados para dar lugar a nomes indicados por partidos de centro, como MDB, PSD e União Brasil. Ao todo, serão nove siglas representadas que, juntas, representam 262 deputados (51%) na Câmara dos Deputados. No Senado Federal, as siglas respondem 45 senadores (55%), mas nem todos irão apoiar o governo.

    — Depois de um trabalho intenso, depois de muita tensão, depois de muita conversa e muito ajuste, terminamos de montar primeiro escalão do governo — afirmou Lula logo ao subir ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona a transição.

    Entre os nomes que anunciados estão da senadora Simone Tebet (MDB) para o Planejamento, Marina Silva (Rede) que voltará a chefia do Meio Ambiente após 14 anos — a ambientalista ocupou o mesmo ministério durante os dois governos do petista, entre 2003 e 2008 — e o de Sonia Guajajara (PSOL-SP), que será a ministra dos Povos Indígenas. Com o anúncio realizado nesta quinta-feira, Lula confirmou que mulheres vão ocupar 11 das 37 pastas, o equivalente a 29% dos cargos, um número inédito.

    Na montagem do futuro ministério, Lula deixou sob a influência do PT postos-chave da administração como Fazenda, Casa Civil, Educação e Desenvolvimento Social, mas barganhou áreas importantes para atrair apoio de MDB, União Brasil e PSD, que representam 28% das cadeiras da Câmara e 38% do Senado. Entregou pastas de relevância a futuros aliados como Cidades, que ficará com Jader Filho (MDB-PA) e Transportes, com o senador eleito Renan Filho (MDB-AL).

    O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) assumirá Agricultura e o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) Minas e Energia. Diante da insatisfação de deputados do PSD pela escolha de dois senadores, Lula decidiu ampliar o espaço da legenda e entregou à legenda de Gilberto Kassab um terceiro ministério, a Pesca, que ficará com o deputado federal André de Paula (PSD-PE).

    Já o cobiçado Ministério de Integração Nacional ficará com o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), um indicado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil), numa vaga que estava reservada para o União. O presidente da legenda, Luciano Bivar, porém, disse não se tratar de uma escolha da sigla, que indicou os deputados Daniela do Waguinho (RJ), no Turismo, e Juscelino Filho (MA), nas Comunicações.

    Ao entregar Comunicações ao União Brasil, Lula precisou deslocar o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), para quem já havia sido prometida a pasta. A saída foi oferecer ao deputado petista o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que dias antes havia sido ofertada ao líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). Reginaldo era dado como certo no Desenvolvimento Agrário até a tarde de quarta-feira, mas acabou rifado em meio ao novo arranjo político para acomodar o PSD e União Brasil, que ficarão com três ministérios cada.

    A demora para os anúncios ocorreu devido a pressão de bancadas importantes como União Brasil e PSD. O União Brasil tem 59 deputados e insistiu no nome de Elmar Nascimento (BA) para Integração Nacional, nome com forte rejeição do PT devido às posturas do deputado, contrário a pautas dos partidos e com manifestações recentes contrárias a Lula. Ele acabou preterido e defendeu a independência do partido em relação ao governo.

    — O que for bom para o Brasil e ruim para o PT, a gente vota contra. A posição do partido é de independência. As indicações não são partidárias, são convites pessoais do presidente Lula. Não há indicação de executiva, de filiados. As votações, na Câmara e no Senado, vão mostrar a independência — disse Elmar ao GLOBO na manhã desta quinta-feira.

    Já o PSD na Câmara, que terá 42 parlamentares em 2023, também demonstrou insatisfação com o espaço recebido e tratou a oferta da Pesca como “troféu de consolação” após o veto ao nome do deputado Pedro Paulo (RJ), que era cotado para assumir o Turismo. O parlamentar teve o nome rejeitado por pessoas próximas a Lula por uma acusação de agressão contra sua ex-mulher. Na época, ele negou ter agido com violência e o inquérito que apurou o caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal em 2016.

    Veja todos os ministros anunciados hoje:

    • Ministra do Meio Ambiente – Marina Silva (Rede)

    Foi eleita deputada, foi senadora, ministra do Meio Ambiente nos governos Lula, foi candidata a presidente.

    • Ministério do Povos Indígenas- Sonia Guajajara (PSOL)

    Da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, formada em letras e enfermagem, pós graduada em Educação Especial e deputada federal. Foi coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e candidata a vice-presidente em 2018 pelo PSOL.

    • Ministro das Comunicações – Juscelino Filho (União Brasil)

    Deputado Federal pelo Maranhão indo para o 3º mandato.

    • Ministério das Cidades – Jader Filho (MDB)

    Empresário e presidente do MDB do Pará.

    • Ministério do Planejamento – Simone Tebet (MDB)

    Foi prefeita de Três Lagoas, é senadora, foi candidata a presidente pelo MDB.

    • Ministro da Previdência – Carlos Lupi (PDT)

    Foi deputado Federal, ministro do Trabalho nos governos Lula e Dilma, e é presidente do PDT.

    • Ministério do Desenvolvimento Agrário – Paulo Teixeira (PT)

    Deputado Federal indo para seu quarto mandato, vice-presidente do PT e ex-secretário de Transportes da cidade de São Paulo.

    • Ministério dos Transportes – Renan Filho (MDB)

    Foi prefeito de Murici por dois mandatos, deputado federal, governador por dois mandatos e eleito senador da República.

    • Ministro de Minas e Energia – Alexandre Silveira (PSD)

    Foi deputado federal e diretor-geral do DNIT, e secretário estadual em Minas Gerais. É senador.

    • Ministro da Agricultura – Carlos Fávaro (PSD)

    É fazendeiro, nascido no Paraná foi para o Mato Grosso onde começou em um assentamento da reforma agrária, e hoje é um grande produtor rural. Foi vice-presidente da Aprosoja, vice-governador do Mato Grosso e é Senador pelo mesmo estado.

    • Secretaria de Comunicação – Paulo Pimenta (PT)

    Formado em Comunicação Social e jornalismo, foi vereador em Santa Maria, deputado estadual no Rio Grande do Sul, e é deputado federal indo para seu 5º mandato.

    • Ministério do Turismo – Daniela do Waguinho (União Brasil)

    Ex-Secretária de Assistência Social e Cidadania de Belford Roxo e indo para o segundo mandato de deputada federal, como a deputada mais votada do Rio de Janeiro.

    • Ministérios da Integração Nacional – Waldez Góes (PDT)

    Foi deputado e é, pela quarta vez, governador do Amapá.

    • Ministério da Pesca e Aquicultura – André de Paula (PSD)

    De Pernambuco, foi vereador, deputado estadual, várias vezes deputado federal, e secretário estadual do Trabalho e Ação Social, da Produção Rural e Reforma Agrária e da Cidades em Pernambuco.

    • Gabinete de Segurança Institucional – General Gonçalves Dias

    General da reserva, chefiou a segurança da presidência nos dois primeiros mandatos de Lula, foi comandante da 6º Região Militar.

    • Ministério do Esporte – Ana Moser

    Ex-jogadora de vôlei, fundadora do Instituto Esporte e Educação, atuou nos meus governos na Comissão Nacional de Atletas do Conselho Nacional de Esportes. Participou do Plano de Governo e do Grupo de Transição na área de Esportes.

    Conheça os ministros do governo Lula que já haviam sido anunciados:

    • Secretaria das Relações Institucionais – Alexandre Padilha (PT)
    • Secretaria-Geral – Márcio Macêdo (PT)
    • Advocacia-Geral da União – Jorge Messias
    • Controladoria-Geral da União – Vinicius Carvalho
    • Ministério do Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome – Wellington Dias (PT)
    • Ministério da Saúde – Nísia Trindade
    • Ministério da Educação – Camilo Santana (PT)
    • Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos- Esther Dweck
    • Ministério dos Portos e Aeroportos – Márcio França (PSB)
    • Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – Luciana Santos (PCdoB)
    • Ministério das Mulheres – Cida Gonçalves
    • Ministério da Cultura – Margareth Menezes
    • Ministério do Trabalho e Emprego – Luiz Marinho (PT)
    • Ministério da Igualdade Racial – Anielle Franco
    • Ministro dos Direitos Humanos – Silvio Almeida
    • Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – Geraldo Alckmin (PSB)
    • Ministro da Fazenda – Fernando Haddad (PT)
    • Justiça e Segurança Pública – Flávio Dino (PSB)
    • Ministro da Defesa – José Múcio Monteiro
    • Ministro das Relações Exteriores – Mauro Vieira
    • Casa Civil – Rui Costa (PT)

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