Durante o verão de 2024, um alerta foi levantado em algumas praias do Nordeste brasileiro: a presença de cianobactérias, microrganismos capazes de liberar substâncias tóxicas que podem causar intoxicação. Em Pernambuco, quase 300 casos foram relatados nos municípios de Ipojuca e Tamandaré, no litoral sul. Poucos quilômetros ao sul, já em Alagoas, foram 240 casos de intoxicação.
Os sintomas incluem enjoo, dor de garganta, dor de estômago, tosse, coriza, obstrução nasal e sinais de conjuntivite. Muitos casos surgiram após o banho de mar, como relatado por Maria Adrienne, que trabalha em Tamandaré e experimentou os sintomas após passar o dia na praia. A intoxicação dura de 3 a 5 dias.
As cianobactérias são microrganismos autotróficos cujo principal meio de obtenção de energia e manutenção metabólica é a fotossíntese. Seus processos vitais requerem água, dióxido de carbono, substâncias inorgânicas e luz solar.
A coloração avermelhada da água do mar é um sinal de perigo. A exposição à água contaminada pode levar à inalação de toxinas, irritação dos olhos e, em casos mais graves, intoxicação.
A recomendação é clara: durante a temporada de floração das cianobactérias, que ocorre entre janeiro e março devido às condições climáticas da região, é aconselhável evitar entrar no mar. Em caso de sintomas, é fundamental procurar imediatamente um posto de saúde para receber atendimento adequado.
Segundo Ariadne Nascimento, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), algumas condições são favoráveis para o fenômeno da floração dessas cianobactérias. A geomorfologia do local, a profundidade, a circulação dos ventos e a salinidade da água são fatores determinantes. Além disso, a influência das marés e a penetração da luz solar na coluna d’água também contribuem para o desenvolvimento desses microrganismos.