São Paulo (AE) – A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 subiu pela 31ª semana consecutiva e passou de 9,17% para 9,33%, conforme o Relatório Focus, mais de quatro pontos porcentuais acima do teto da meta (5,25%) a ser perseguida neste ano pelo Banco Central (BC). Há um mês, estava em 8,59%. A estimativa para o índice em 2022 também continuou subindo, de 4,55% para 4,63% – o 16º aumento seguido. A mediana já está mais próxima da banda superior da meta (5,00%) do que do centro (3,50%). Quatro semanas atrás, estava em 4,17%.
Considerando as 81 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o IPCA de 2021 passou de 9,40% para 9,46%. Para 2022, também foram feitas 81 atualizações nos últimos cinco dias, com a estimativa variando de 4,56% para 4,60%.
Depois das manobras anunciadas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do novo Bolsa Família a R$ 400, diversas instituições majoraram as estimativas para a inflação em 2021 e, principalmente, em 2022, prevendo uma deterioração econômica devido à perda de credibilidade da âncora fiscal. Houve também sinais de desancoragem em horizontes mais longos.
Nesta edição, a expectativa para o IPCA em 2023 permaneceu em 3,27%. No caso de 2024, a previsão passou de 3,07% para 3,10%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,25% e 3,00%, respectivamente. A meta para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Já para 2024 o objetivo é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).
No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 9,5% em 2021, 4,1% em 2022 e 3,1% em 2023. O colegiado elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 7,75% ao ano.
Outros meses
Os economistas do mercado financeiro elevaram novamente a previsão para o IPCA em outubro de 2021, de alta de 0,89% para 1,00%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira. Um mês antes, o porcentual projetado era de 0,56%.
Para novembro, a projeção no Focus passou de alta de 0,57% para 0,60%, enquanto, para dezembro, a estimativa permaneceu em 0,66% Há um mês, os porcentuais indicavam elevações de 0,40% e 0,60%, nesta ordem.
A inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu marginalmente de alta de 5,12% para 5,11% de uma semana para outra – há um mês, estava em 4,56%.
IGP-DI pela FGV
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta de 1,60% em outubro, após uma recuou de 0,55% em setembro, informou nesta segunda-feira (8), a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado do indicador ficou acima do teto estimativas da pesquisa do Projeções Broadcast, que iam de uma alta de 0,50% a um avanço de 1,56%, com mediana de alta de 1,28%. Com o resultado, o IGP-DI acumulou uma elevação de 16,96% no ano e avanço de 20,95% em 12 meses.
A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem o IGP-DI. O IPA-DI, que representa o atacado, teve alta de 1,90% em outubro, ante uma queda de 1,17% em setembro. O IPC-DI, que apura a evolução de preços no varejo, subiu 0,77% em outubro, após o avanço de 1,43% em setembro.Já o INCC-DI, que mensura o impacto de preços na construção, teve elevação de 0,86% em outubro, depois da alta de 0,51% em setembro. O período de coleta de preços para o índice de outubro foi do dia 1º ao dia 31 do mês.
Combustíveis
Os preços dos combustíveis e do minério de ferro no atacado puxaram a alta de 1,60% no IGP-DI). A forte aceleração do IPA-DI, que mede os preços no atacado, de um recuo de 1,17% em setembro, para uma alta de 1,90%, foi a principal responsável para inflação medida pelo IGP-DI.
Entre os itens do IPA-DI, os combustíveis para o consumo registraram alta de 5,78%, ante avanço de 1,47% em setembro. Já o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção teve um salto de 9,39% nos preços médios, alta avanço de 1,87% em setembro.
O minério de ferro ficou 4,29% mais caro, forte aceleração ante o tombo de 22,11% registrado em setembro. Também aceleraram as variações de preços da cana-de-açúcar (de 1,45% em setembro para 3,59% em outubro) e café em grão (de 7,83% para 11,95%). A aceleração só não foi maior porque, em sentido oposto, os preços de bovinos desaceleraram de -2,69% em setembro para -7,71% no IGP-DI de outubro.
“A inflação ao produtor acelerou em seus três estágios de processamento. Os avanços registrados nos preços do minério de ferro (-22,11% para 4,29%), do óleo diesel (0,60% para 10,24%) e da gasolina (1,20% para 6,62%) foram os grandes destaques em cada um dos três grandes grupos do IPA”, diz a nota divulgada pela FGV nesta segunda-feira.
IGP-DI mostra alívio nas altas de energia elétrica
Enquanto as altas dos preços dos combustíveis no atacado sugerem novas pressões inflacionárias ao consumidor em novembro, em outubro, a inflação das famílias foi marcada por algum alívio nas altas recentes da conta de luz, mostra o IPC-DI, um dos componentes do IGP-DI. Mesmo assim, a inflação ao consumidor está mais espalhada, mostram os dados.
Segundo a FGV, cinco das oito classes de despesa componentes do IPC-DI registraram decréscimo em suas taxas de variação na passagem de setembro para outubro: Habitação (2,59% para 0,37%), Educação, Leitura e Recreação (2,90% para 1,57%), Alimentação (1,09% para 0,88%), Transportes (1,50% para 1,31%) e Despesas Diversas (0,30% para 0,28%).
A tarifa de eletricidade residencial, grande vilã da inflação ao consumidor em setembro, com salto de 8,52% (por causa da cobrança extra adicional), em outubro avançou apenas 0,06%. A gasolina ficou 2,73% mais cara em outubro, ante 3,38% em setembro. Já os grupos Vestuário (0,28% para 0,81%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,14% para 0,25%) e Comunicação (0,39% para 0,44%) apresentaram tiveram altas.