PF cumpre busca e apreensão na residência de Torres, em Brasília. Suspeita é de que o então secretário de segurança pública do DF tenha se omitido no episódio da invasão aos Três Poderes
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a prisão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A Polícia Federal cumpriu busca e apreensão na residência dele em Brasília nesta terça-feira, mas ele atualmente está nos Estados Unidos em viagem com sua família.
Moraes também determinou a prisão do ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal coronel Fábio Augusto, levado pelos policiais quando estava em casa, em Brasília.
A suspeita de Moraes é que Torres, na função de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, tenha sido um dos responsáveis pelas falhas no esquema de segurança que resultou na invasão dos prédios dos Três Poderes no domingo.
Policial federal de carreira, Anderson Torres foi ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro e se alinhou a diversas pautas do seu chefe, como as acusações falsas contra as urnas eletrônicas. Pela participação em uma live na qual Bolsonaro disseminou essas notícias falsas, Torres se tornou alvo de investigação aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao deixar o governo Bolsonaro, ele retomou o posto de secretário de Segurança do DF, que ocupou durante a primeira gestão de Ibaneis Rocha.
Também nesta terça-feira, Moraes determinou a prisão do ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal coronel Fábio Augusto. O coronel foi exonerado do cargo pelo interventor federal na segurança do DF, Ricardo Cappelli. A atuação da Polícia Militar nos atos terroristas na Esplanada dos Ministérios, no domingo, foi criticada por diversas autoridades, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e motivou a decretação da intervenção.
‘Instituições irão punir todos os responsáveis, Anderson Torres é um dos suspeitos’
Em discurso durante a posse do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, Moraes afirmou que o combate aos terroristas que realizaram atos de vandalismo em Brasília continuará, e que “as instituições irão punir todos os responsáveis”, inclusive “aqueles que incentivaram, por ação ou por omissão”.
— As instituições irão punir todos os responsáveis. Aqueles que realizaram os atos, aqueles que financiaram, aqueles que incentivaram, por ação ou por omissão.
O ministro, que na segunda-feira determinou a desmobilização de todos os acampamentos de bolsonaristas no país, com a prisão de quem permanecesse no local, disse que o combate aos atos antidemocráticos continuará.
— Temos que combater firmemente as pessoas antidemocráticas, as pessoas que querem dar um golpe, as pessoas que querem um regime de exceção — disse.