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No RJ, mais de 20 pessoas morreram durante operação policial na Vila Cruzeiro

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Entidades de defesa dos direitos humanos condenam ação que levou clima de terror para o bairro da Penha

O número de mortos na operação da Vila Cruzeiro, na Penha, zona Norte do Rio de Janeiro subiu para 22 na tarde desta terça-feira (24). A ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi deflagrada durante a madrugada para, segundo as forças de segurança, localizar e prender lideranças criminosas que estão escondidas na comunidade, inclusive criminosos oriundos de outros estados do país.

O tiroteio na região durou cerca 12 horas. O clima de terror tomou conta do bairro. O Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, não parou de receber corpos e feridos ao longo de todo o dia.

Entidades como a Justiça Global, Anistia Internacional e o Instituto de Estudos da Religião (ISER) e movimentos sociais assinaram uma nota pública nesta tarde endereçada ao governador Claudio Castro (PL), ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), à Secretaria de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, ao Departamento de Polícia Federal no Rio de Janeiro e à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro pedindo o cessar fogo da operação. 

“As organizações e movimentos vêm recebendo preocupantes relatos de familiares em desespero, em busca de notícias por entes ainda desaparecidos. Há notícias de que corpos de vítimas e potenciais feridos se encontram na região da mata, divisa entre o Complexo da Penha e do Alemão, e que mães e familiares estariam mobilizados a adentrar o local em meio ao tiroteio no desespero de localizar seus parentes. Ativistas de direitos humanos também estão no meio do fogo cruzado, sendo ameaçados por agentes de segurança que estão no local impedindo a retirada de novas vítimas e reprimindo a manifestação de moradores da área”, diz um trecho da nota, que destaca ainda que 19 unidades escolares tiveram seu funcionamento afetado pela operação.

A Ouvidoria e o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro foram até o local e auxiliaram na orientação aos moradores, sistematizando as informações recebidas e solicitando ao Ministério Público e aos órgãos de controle interno da atividade policial a adoção de todas as medidas para interrupção da violência no local e garantia de investigações das mortes e violações.

Política de Segurança?

Já o Instituto Fogo Cruzado lembrou que a ação policial na Vila Cruzeiro desta terça-feira ocorre três meses após outra bem semelhante: no dia 11 de fevereiro, uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM (Bope), também na Vila Cruzeiro, terminou com nove mortos. Naquela ocasião, 17 escolas foram fechadas e unidades básicas de saúde tiveram as atividades afetadas.

“Hoje tivemos uma moradora morta na Penha. Ontem mãe e filho foram baleados quando passavam próximo a um acesso à Vila Aliança, em Bangu, e uma moradora foi baleada na Rocinha, uma das poucas favelas do Rio onde ainda resta uma UPP [Unidade de Polícia Pacificadora]. Há quanto tempo vemos essas situações? E vemos isso porque a aposta é nas mesmas falidas soluções. Não há como ter resultado diferente. Este governo tem mais de três anos, já é candidato à reeleição, e até hoje não apresentou o plano de segurança da gestão”, avalia Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto.

De acordo com levantamento do Fogo Cruzado, somente neste ano, 21 chacinas ocorreram na região metropolitana do Rio de Janeiro deixando ao menos 87 mortos. Em operações policiais, foram 16 chacinas, que deixaram 71 mortos.

O que diz a PM?

Procurada pelo Brasil de Fato, a PM informou que as equipes do BOPE e da PRF se preparavam para a incursão quando criminosos começaram a fazer disparos de arma de fogo na parte alta da comunidade.

Segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, uma pessoa foi ferida na Chatuba, uma comunidade fora da área da operação, e veio a óbito no local. A área foi isolada por uma equipe da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para perícia da Delegacia de Homicídios da Capital.

De acordo com o órgão, houve a apreensão de 13 fuzis, quatro pistolas e 12 granadas, além de drogas a serem contabilizadas. O socorro dos feridos foi feito ao Hospital Estadual Getúlio Vargas.

A nota enviada à reportagem ainda destaca que três destes feridos seriam oriundos de outros estados (Amazonas e Pará). De acordo com a PM, a localidade conhecida como Vacaria, mais de 20 veículos (motocicletas e carros) usados por criminosos em fuga foram apreendidos. Ocorrências encaminhadas para a Delegacia de Homicídios da Capital.

A assessoria informou que ainda apura a entrada de feridos em unidades de saúde da região.

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