A morte do fundador do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, marca o fim de uma das facetas mais violentas da guerra da Rússia com a Ucrânia.
Com fama de sanguinário, Prigozhin liderou mercenários para, inicialmente, atacar o país vizinho sob ordens russas, e, mais tarde, ameaçar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em uma tentativa de golpe.
Surgido em 2014, o Grupo Wagner é uma companhia privada de mercenários que atuam em guerras pelo mundo. Desde o ano de fundação, o Wagner está presente na península ucraniana da Crimeia e chegou a ajudar forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região. Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022, o governo russo contou com a ajuda do grupo para avançar nas batalhas contra o exército do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como nos embates das cidades de Bakhmut e Soledar.
Quem integra o grupo Grupo Wagner
Acredita-se que o grupo paramilitar seja composto, principalmente, por ex-soldados de elite do exército russo, além de prisioneiros e civis do país de Putin. Em um vídeo que circula na internet desde setembro de 2022 mostra Yevgeny Prigozhin no pátio de uma prisão russa.
O Grupo Wagner também já atuou no continente africano, fornecendo apoio e segurança para mineradoras russas e outros clientes. A Rússia tem sido acusada de usar o grupo como uma ferramenta para obter controle sobre os recursos naturais na África, bem como para influenciar a política e os conflitos em nações estrangeiras, incluindo Líbia, Sudão, Mali e Madagascar.
Ligação do Grupo Wagner com o governo russo e grupos supremacistas
Desde o começo, o Grupo Wagner teve fortes ligações com o governo russo, mas as falas de Prigozhin mostram que a relação está abalada. Em nota divulgada neste sábado, o Krelim disse que Vladimir Putir já foi informado sobre os eventos relacionados a Prigozhin e afirma que “as medidas necessárias estão em andamento”. Em discurso televisionado, Putin chamou o motim de uma “punhalada nas costas”.
Os mercenários do grupo alegam abraçar as ideologias de extrema direita. Dmitry Utkin, fundador do Wagner, tem laços estreitos com uma organização supremacista branca e ultranacionalista conhecida como The Night Wolves (Lobos da Noite), um clube de motociclistas que recebeu sanções de EUA, Reino Unido e UE.
Acredita-se que os Night Wolves também sejam apoiados pelo governo russo, e as mídias sociais estão cheias de imagens de membros do Grupo Wagner promovendo o mesmo tipo de retórica de extrema direita dos “lobos da noite”.