A Novonor, ex-Odebrecht, permanece em silêncio duas semanas depois de o ministro do STF Dias Toffoli anular as provas do acordo de leniência firmado entre a empreiteira e o Ministério Público Federal (MPF). A companhia também não comentou sobre o acordo assinado com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU), que começou a ser revisado por técnicos do governo federal após a decisão do Supremo.
Nesta quarta-feira (20/9), a coluna perguntou à Novonor qual era o posicionamento da empresa sobre a decisão de Toffoli; por que a companhia ainda não havia se manifestado; se a empresa confia nas provas apresentadas ao MPF, agora anuladas; e se a companhia avalia que o acordo com CGU e AGU deve ser mantido. A Novonor respondeu: “A empresa não irá se manifestar pela imprensa”.
Toffoli ainda analisa um recurso apresentado pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e, segundo interlocutores do ministro, deve negá-lo. Na decisão, Toffoli baseou-se numa perícia da defesa de Lula que apontou que a Lava Jato cometeu diversas falhas ao coletar evidências dos crimes da empreiteira. O perito comparou a situação a uma investigação de estupro que usa como prova um material genético coletado pelo próprio estuprador, sem a presença de autoridades.
O MPF rechaçou essa tese. Documentos anexados pelo órgão ao processo mostram que o caminho das provas foi monitorado e que os arquivos ficaram guardados em uma sala-cofre na Procuradoria-Geral da República (PGR), seguindo o cuidado necessário para preservar a chamada cadeia de custódia.