Dos seis troféus da Supercopa do Brasil, cinco foram conquistados pelos vencedores da Série A do Brasileiro. Título alviverde também afasta assombração de decisões em Brasília
O alviverde imponente não cansa de mostrar que, de fato, é campeão. A vitória do Palmeiras sobre o Flamengo neste sábado (28/1), de virada, por 4 x 3, premia a consistência e reforça a hegemonia dos detentores do troféu do Campeonato Brasileiro no duelo direto contra os vencedores da Copa do Brasil.
Dos seis troféus de Supercopa do Brasil, cinco foram conquistados pelos triunfantes da principal competição nacional. O único penetra na festa dos grandes campeões é o Grêmio de 1990. De lá para cá, Corinthians (1991), Flamengo (2020 e 2021), Atlético-MG (2022) e, agora, o Palmeiras de Abel Ferreira.
O triunfo no centro do poder político do país premia a continuidade. Desde 2020, no clube, o português alcançou a marca de oito troféus pelo clube. Em meio às discussões de relacionamento com a presidente Leila Pereira por conta de reforços que ainda não desembarcaram na Academia de Futebol, Abel mostra que merece ser ouvido quando o assunto é o elenco.
O êxtase alviverde espantou uma assombração de finais recentes em Brasília. Em 18 de maio de 2021, o Palestra amargou o vice da Recopa Sul-Americana após a derrota por 4 x 3. No mês anterior, já havia vivido a frustração da derrota nos pênaltis na decisão da mesma Supercopa do Brasil. A taça ficou na mão e o triplete negativo foi ao chão.
Emoção de sobra
Como esperado de uma decisão, os primeiros minutos foram de um duelo bastante truncado. O árbitro Wilton Pereira Sampaio trabalhou que os goleiros ao apitar nove faltas apenas nos primeiros 15 minutos de partida. A qualidade e eficiência que premiou alviverdes e rubro-negros em 2022 não foi vista nas primeiras movimentações. No ritmo das baterias das arquibancadas, a trupe paulista até tentou controlar mais a bola, explorando as capacidades de Dudu e Raphael Veiga, mas esbarrava na defesa flamenguista.
Defesa essa que sofreu em alguns momentos com o fogo amigo. Aos 20 minutos, Santos recebeu bola recuada na pequena área, dominou mal e foi surpreendido por Endrick. Por pouco, os palmeirenses não inauguraram o placar. Porém, quem não faz leva. E assim o Flamengo chegou ao primeiro gol. Arrascaeta dominou pela esquerda, invadiu a área e foi derrubado por Zé Rafael. Letal na marca da cal, Gabriel Barbosa converteu a cobrança e colocou os cariocas na frente.
Se com a igualdade no placar o Palmeiras tomava mais iniciativas na partida, com a desvantagem, o time comandado por Abel Ferreira era todo ataque. Em 11 minutos, o Palestra acalmou os ânimos, organizou as linhas e empatou com Raphael Veiga aos 37 minutos e virou com golaço de Gabriel Menino, aos 48.
A atmosfera da volta dos vestiários era outra. O que se viu nos primeiros cinco minutos foi um Flamengo aceso e um Palmeiras levemente assustado. Provas disso foram as investidas de Pedro e Arrascaeta. O camisa 9 cabeceou bem na grande área e fez Weverton espalmar. A bola sobrou para o uruguaio chutar firme e, novamente, o goleiro palmeirense adiar a comemoração rubro-negra. Simplesmente adidas, pois, no minuto seguinte, Gabriel Barbosa foi acionado pela esquerda, invadiu a área e, de cavadinha, igualou o marcador.
O gol da sobrevida ao Flamengo na decisão foi o 14º de Gabriel Barbosa em finais com a camisa rubro-negra – o quinto em Supercopas do Brasil. Aos 10 minutos, Endrick dominou na área, encobriu Everton Ribeiro, que desviou a bola com o braço e prejudicou o time com pênalti. Raphael Veiga foi para a bola e estufou o canto esquerdo de Santos. Mas as emoções na capital do país não pararam por aí.
O duelo entre Palmeiras e Flamengo em Brasília era um verdadeiro espetáculo de bola e de raríssima intensidade no futebol brasileiro. Assim, aos 15 minutos, o time carioca tramou pela esquerda. Ayrton Lucas cruzou rasteiro para Pedro, livre, marcar um golaço de calcanhar e apimentar a decisão. No mesmo minuto, alviverdes e rubro-negro quase soltaram mais um grito de gol. Meso caído na pequena área, Rony quase surpreendeu. Em contra-ataque na sequência, Pedro disparou pela esquerda, armou o chute, mas foi travado por Marcos Rocha.
Novamente atrás no placar, restava ao Flamengo buscar o gol na base do abafa. Porém, faltou combinar com o Palmeiras. Abel Ferreira e sua equipe incorporou o trecho do hino que fala sobre a “defesa que ninguém passa” e segurou o resultado mais importante da temporada até aqui. É uma vitória de virada que indica os caminhos para uma nova temporada repleta de sucessos.
Ficha técnica
Palmeiras 4 x 3 Flamengo
PALMEIRAS –
Weverton; Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Gabriel Menino (Jailson), Zé Rafael (Luan) e Raphael Veiga; Dudu (Breno Lopes), Rony (Rafael Navarro) e Endrick (Mayke). Técnico: Abel Ferreira
Gols: Raphael Veiga (duas vezes) e Gabriel Menino (duas vezes)
Cartões amarelos: Abel Ferreira e Gabriel Menino
FLAMENGO –
Santos; Varela (Matheuzinho), David Luiz, Léo Pereira e Ayrton Lucas (Matheus França); Thiago Maia, Gerson (Vidal), Everton Ribeiro e Arrascaeta (Everton); Gabriel Barbosa e Pedro. Técnico: Vítor Pereira
Gols: Gabriel Barbosa (duas vezes) e Pedro
Cartões amarelos: David Luiz e Gabriel Barbosa
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Público e renda: 56.095 presentes para R$ 11.592.774,70
Local: Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (DF)